domingo, março 30, 2014

Joe, o Pistoleiro Implacável

Navajo Joe (Burt Reynolds)

Sheriff Elmo Reagan: But you can´t, an Indian sheriff? Only ones elected in this country are Americans.
Joe: My father was born here, in the mountains. His father before him and his father before him and his father before him. Where was your father born?
Sheriff Elmo Reagan: Ulp, what´s that to do with it?
Joe: I said, where was he born?
Sheriff Elmo Reagan: Uuh, in Scotland.
Joe: My father was born here, in America. His father before him and his father before him and his father before him. Now which of us is American?

quarta-feira, março 26, 2014

Liliom (Frank Borzage, 1930)












Meu primeiro Borzage. Leva um tempo para nos acostumarmos ao ritmo pausado das interpretações, característica típica das produções concluídas na transição do período silencioso para o sonoro - que é o caso aqui. Talvez a estranheza seja acentuada neste exemplar, reforçada pela apatia da protagonista Julie (Rose Hobart), que não desperta a empatia exigida pelo papel.

# Spoiler #

Mas vale a longa espera até o suicídio de Liliom (Charles Farrell), que conta com uma das mais lindas cenas de passagem do mundo de cá para o mundo de lá. O ludismo alcançado com um recurso que à época me pareceu ousado e muito criativo, com o trem do além irrompendo no quarto de Liliom para conduzi-lo ao "momento de prestação de contas", altera o rumo da produção, reacendendo nosso interesse pelo destino (trágico) do personagem. As cenas no "céu" são antológicas – vale ressaltar o impacto causado pelo desenho de produção e o figurino dos "agentes do além" -, bem como o diálogo travado entre Liliom e o Chief Magistrate (H.B.Warner), uma espécie de “juiz dos céus”. De maneira muito espirituosa, Borzage evita qualquer tentativa de se martirizar a figura de Liliom. Não há espaço para ideologismos.
Chief Magistrate: That is your train Liliom. The Red Special. No political significance.

sábado, março 15, 2014

Bens Confiscados (Carlos Reichenbach, 2004)



A política nos filmes do Carlão dificilmente entra pela via direta, seja ela a abordagem de um tema importante/polêmico, o retrato de alguma figura do alto escalão do governo, uma trama conspiratória ou um desejo irrepreensível de se fazer denúncia. Seus personagens, no entanto, vivem cercados pelas consequências de sua prática, mesmo quando se esforçam para se manter afastados dela. Em Bens Confiscados essa premissa é levada ao limite já que o filme todo existe em função das ações do deputado corrupto, que não dá as caras ao público em momento algum da projeção. Sua presença é dispensável, restando em cena apenas os efeitos nefastos da sua influência - ligados, naturalmente, ao dinheiro e ao poder.

Caminhando na direção oposta à de um thriller norte-americano ou italiano dos anos 1970, Carlão orienta sua câmera àqueles personagens que não costumam ganhar as páginas dos noticiários jornalísticos. Sua dramaturgia evita o espetáculo a todo custo, trafegando pelos espaços mais recônditos do nosso território. Mesmo nesses não-lugares, tampouco imunes a barbárie civilizatória, seu cinema humanista encontra fôlego para aflorar com propriedade e, sobretudo, afetividade.

A adversidade está presente, guiada pelo rastro das ondas de perversão emitidas pelo deputado investigado, dissimulada somente pela grandeza de seus personagens. E, embora torçamos para que essa qualidade ao fim se sobressaia, o desfecho não nos reserva o conforto que a esperança se mostrou incapaz de nos proporcionar. Melhor que seja assim, qualquer outro caminho adotado seria desonesto com a nossa condição duradoura de cidadãos molestados pela corrupção onipresente.

sábado, março 08, 2014

Buddy Buddy (Billy Wilder, 1981)


Transcrevo abaixo um pequeno trecho da longa entrevista que Cameron Crowe fez com Billy Wilder, posteriormente convertida em livro, Conversations with Wilder (1998).

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Cameron Crowe: Buddy Buddy (1981) is one of the earliest films in a genre that has now come into its own – the hitman comedy.
Billy Wilder: [Unenthusiastic] Yeah, maybe.
CC: But in Buddy Buddy, Matthau´s hitman is the protagonist. Long before Pulp Fiction (1994) or even John Cusack´s Grosse Point Blank (1997), you and I.A.L. Diamond faced the very difficult tone challenged of basing a comedy around a hired killer.
BW: Yes. Tone is always difficult in a picture like this.
CC: What advice would you give a director attempting black comedy today?
BW: You´ve got to have talent for it. Get a good story. Buddy Buddy was not my kind of experiment, not the kind of comedy I had an affection for. I did it once. Here is the problem. The audience laughts, and then they sort of resent it. Because it´s negativity. Dead bodies and such. If you hold up a mirror too closely to this kind of behavior, they don´t like it. They don´t want to look at it. Same with me. But I would not especially call Buddy Buddy a black comedy, more like a broad comedy.
CC: Were you ever close to directing anything after Buddy Buddy?
BW: I kind of pooped out by the end of the picture. Nothing came along. Diamond then died. I wanted to quit. I wanted to quit when I was eighty. I quit when I was eighty-two.

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Por Cameron Crowe

Buddy Buddy is the Godfather of a genre that would take hold years later – the hitman comedy. Walter Matthau again pairs with Jack Lemmon in this dark and frisky tale of a world-weary assassin (Matthau) and the suicidal executive (Lemmon) who complicates his job. “I take no credit for this genre”, says Wilder today. “I don´t believe in genre”. Production values are minimal here. Buddy Buddy is not the most visual of Wilder´s films – the rear projections behind many of the scenes strip it of much lyricism – but it´s lively, with an assured sense of its day. We are a long way from Ninotchka, however, when Matthau, who brings a kinetic deadpan energy to his role as a killer, tosses off surprising lines like “Are you out of your fucking mind?” Klaus Kinski appears as Dr. Zuckerbrot, a bizarre sex therapist who has entranced Paula Prentiss, playing Lemmon´s ex-wife. One can only imagine writing-room conversation that resulted in Wilder and Diamond´s first pot joke. (The play on which it is based was also made into the 1974 French film, L´Emmerdeur, released in America as Play in the A__). And yet you´re never far from reminder that you´re in the comic hands of Wilder and Diamond. Says Kinski in one memorable speech: “Premature ejaculation means always having to say you´re sorry”. The film ends on a freeze frame of Walter Matthau enjoying a cigar, facing paradise on a deserted atoll populated by gorgeous island women… and Jack Lemmon. Wilder´s last film is also a love letter to his favorite comic duo, who attack their parts with real zest.