Eu não me lembrava dessa estréia de Chris Columbus. Ele
trabalha a premissa clássica dos personagens que se perdem numa jornada
noturna, conduzida aqui numa chave cômico-infantil (especialidade do diretor),
cujos desdobramentos já haviam sido explorados em outros gêneros com maior
ênfase no aspecto psicológico dos tipos envolvidos. O resultado fica mais
próximo das comédias físicas de outrora, com uma pitada leve e divertida do
choque de classes, numa abordagem relativamente ingênua da questão, sem necessariamente
trair o "retrato açucarado da realidade" que o filme procura explorar
(à maneira das screwball comedies dos
anos 1930). O enredo enfileira uma aventura atrás da outra, todas inusitadas,
com personagens saídos de um digno cartoon
urbano (resultando na parte cômica da empreitada), com caracterizações bem
acentuadas dos tipos retratados.
Chris Columbus entrega um produto típico
dos anos 1980, mais inofensivo do que as memoráveis investidas de John Hughes
no formato, quando o adolescente passou a ser explorado pelo mercado de
consumo, consolidando-se como a bola da vez. O dilema sexual dos jovens, carro
chefe dos filmes desse período, está presente numa roupagem mais atenuada, de
forma a não comprometer o espírito familiar da produção (a classificação etária
é livre).
O filme segue um crescendo até a metade
da projeção, quando a babá (Elisabeth Shue) e os adolescentes sob sua guarda se
refugiam no palco de uma casa de blues de Chicago, sob os olhares de
desaprovação da plateia formada exclusivamente por negros. A saída proposta
pelo bluesman Albert Collins é um canção interpretada pelos "convidados
brancos", que retrata de forma bem humorada os infortúnios que os levaram
àquele mal entendido. Simplesmente a melhor cena do filme. Daí em
diante, infelizmente, o roteiro não segura a mesma imprevisibilidade do início,
embora isso não comprometa o restante da jornada.