terça-feira, abril 30, 2019
segunda-feira, abril 08, 2019
Nas Garras da Ambição (Raoul Walsh, 1955) e Meu Pecado foi Nascer (Raoul Walsh, 1957)
Nathan Stark (Robert Ryan sobre Ben Allison, personagem de Clark Gable): There goes the only man I ever respected. He's what every boy thinks he's going to be when he grows up and wishes he had been when he's an old man.
Em virtude do lançamento de A Mula (Clint Eastwood, 2018), resolvi
enfileirar alguns filmes de Raoul Walsh para desfrutar do prazer da mise-em-scène de um dos grandes artesãos
do cinema clássico norte-americano. Meu
Pecado foi Nascer foi visto na semana passada e Nas Garras da Ambição foi visto ontem. Ambos são protagonizados por
Clark Gable, numa ótima parceria que poderia ter rendido mais filmes além do
terceiro faltante da lista, Esse homem é
meu (1955); a virilidade do ator é compensada pelo seu charme e carisma
característicos, elementos apoiadores da sensibilidade dos personagens por ele interpretados, habitualmente
errantes em busca de um último instante de adrenalina, antes do apaziguamento
físico e moral desejado quando serão coroados pela serenidade e companhia de
uma linda mulher (Yvonne de Carlo e Jane Russell).
A reflexão gerada pela abordagem do
preconceito em Meu Pecado foi Nascer
foi mais profunda do que em muitos filmes que empunham a bandeira da tolerância
com unhas e dentes. A transformação do personagem de Sidney Poitier é
reveladora dessa complexidade, quando ele se vê desarmado pelo discurso de
Clark Gable, marcante a ponto de fazê-lo enxergar o ser humano por trás do
ganancioso mercador de negros, que faz uso da sua posição social para proteger
ele e outros escravos dos maus tratos e abusos de outros coronéis. Na verdade,
ninguém é mocinho na história. Essa ambivalência do discurso preserva a
complexidade do tema, nem sempre tratado com a devida consideração. O filme é
entretenimento de altíssimo nível, sem menosprezar a inteligência do
espectador.
Nas
Garras da Ambição merece ser visto em tela grande, sobretudo pela
segunda parte quando os protagonistas partem do Texas rumo a Montana conduzindo
um rebanho de milhares de cabeças de gados e cavalos. Não me recordo de ver um western tão arrojado e dispendioso no trato de figurantes, especificamente, uma horda de animais em deslocamento contínuo - a minha memória clama pelo
resgate de Rio Vermelho (1948, Howard
Hawks). O trajeto é tão acidentado que rola até um arriamento de carroça
por cordas que é algo inédito pra minha ignorância. Toda essa grandeza serve
perfeitamente ao embate moral e psicológico travado pelos personagens de Clark
Gable e Robert Ryan, interposto pela personagem de Jane Russell. Não vejo toda
essa beleza na atriz, que supostamente desperta o desejo dos dois machões,
embora lhe sobre sensualidade. É um filmaço!
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