Selina Kyle (Michelle Pfeiffer): Honey, I´m home!!!... Oh, I forgot I´m not married!
Embora eu me divirta com os filmes de super-heróis que estreiam às pencas nos cinemas, nunca fui um verdadeiro entusiasta do “gênero cinematográfico”, nem tampouco um leitor voraz dos gibis que o originaram. Minha via de acesso ao universo dos super-heróis foi por meio do cinema, filtrado pelos desenhos animados que se intercalavam na programação matinal da TV aberta nas décadas de 80 e 90. Sendo assim, meu conhecimento a respeito do assunto é parco, nem um pouco aprofundado, o que caracteriza o meu viés de análise preponderantemente pela ótica cinematográfica – em detrimento do repertório original construído em torno das publicações das revistas em quadrinhos.
Ainda que eu já flertasse com a ideia de
escrever um post dedicado a esse “gênero”, confesso que as produções
contemporâneas não me instigavam suficientemente a ponto de me entusiasmar a
fazê-lo. Foi a pequena matéria de Brian Tallerico para o site de Roger Ebert,
cobrindo o lançamento da primeira leva dos filmes do Batman em 4K (Batman, Batman Returns, Batman Forever e
Batman & Robin), que serviu de
desculpa para eu explorar as minhas preferências relacionadas a esse universo.
Mesmo com todo o aparato tecnológico a serviço dos estúdios hoje em dia, foram
as produções anteriores ao boom do “gênero”, cujo divisor de águas é X-Men: O filme (Bryan Singer, 2000), que
moldaram a minha percepção do “filme de super-heróis”.
Se tivesse que levar alguns filmes dessa
leva para uma ilha deserta seriam Superman
(Richard Donner, 1978), Darkman: Vingança sem Rosto (Sam Raimi, 1990), Batman
Returns (Tim Burton, 1992) e o tardio Homem-Aranha
2 (Sam Raimi, 2004). Mas o filme que encabeçaria essa lista seria Batman Returns. Por mais que as cenas de
ação sejam indissociáveis desse universo (talvez seja o que realmente resta de
notável nas produções contemporâneas), é curioso como a minha memória afetiva se
nutre, sobretudo, da construção dos personagens nessas produções. A economia
narrativa e de recursos com que a personagem de Michelle Pfeiffer (Selina Kyle)
passa de secretária executiva do alto escalão político a Mulher Gato é
absolutamente genial: um apartamento com production
design impecável (o cuidado com o espaço: as cores, a luz, o detalhe dos
objetos que compõem o quadro), a atriz perfeita para interpretá-la (a lucidez
estrambelhada do antes em contraste com a determinação insana do depois,
turbinada pela sensualidade imbatível da atriz e seu figurino) e a edição e
direção que constróem em timing perfeito
a transformação puramente imagética da famosa figura felina. Meow!!!
O parágrafo destinado a Batman Returns no texto de Brian Tellerico
é relativamente curto, mas resume com precisão a contribuição deste exemplar
para o panteão de obras que exploram o universo (cinematográfico) dos
quadrinhos.
Por Brian Tellerico
Speaking of bonkers, it is still hard to believe that “Batman Returns” got made. Controversial at the time and relatively unsuccessful, it is now viewed by many as the best of this era of Batman films and one of Burton’s best. But from the very beginning, Burton’s vision feels more daring and confident than in the first film, and he gets more than he could have dreamed of getting out of Michelle Pfeiffer as Catwoman and Danny DeVito as The Penguin. Watching it now reminds one how few auteur-driven films we get in the modern superhero era. This is undeniably a Tim Burton movie, full of his influences and vision in every frame. With the occasional exception (“Black Panther,” “Wonder Woman”), superhero movies today feel like the product of a committee more than an artist. What scared people about “Batman Returns” in 1992 is what makes it so revelatory today. It’s one of the best and strangest movies of its kind ever made.