domingo, agosto 08, 2010

Bate papo com Sergio Rezende



Imperdível! Não existe termo mais adequado para definir a sessão de Salve Geral (2009) na última quarta feira, 24 de fevereiro, no Cine Cauim, como parte do programa Mostra Permanente de Cinema Brasileiro na parceria do SESC de Ribeirão Preto com o Cineclube Cauim.

Eu não contei, mas acredito que havia mais de duzentas pessoas no auditório. Dava gosto de ver a sala repleta de gente. Contribuiu para esse número a presença do diretor do filme, Sergio Rezende, que ficou após a projeção para um bate papo com a platéia.

Particularmente gosto muito dessas experiências, já que me permitem entender um pouco das escolhas, dificuldades e motivações que levaram o autor a tocar adiante o seu projeto. Essa interação da platéia com o diretor de um filme é tão rara que, de todas as poucas vezes que tive a oportunidade de presenciar esse momento, nunca hesitei em faltar. É importante notar que no Cauim, como todas as sessões são gratuitas, o público que comparece nada tem a ver com os freqüentadores de cinema dos shoppings e afins. São pessoas que não tem o hábito de assistir aos filmes em tela grande, e normalmente o universo cinematográfico que lhes é familiar é o dos programas de fim de noite ou de final de semana da TV aberta, ou seja, basicamente o cinemão hollywoodiano. Filmes que normalmente não se prestam muito a reflexão.

Nessas circunstâncias, podemos enxergar de perto o que os filmes podem fazer pela vida das pessoas. Durante o bate papo um jovem sentado ao meu lado pediu o microfone e disse, “estou chocado, acabei de levar um soco na cara, no Brasil são duas facções (referência ao PCC retratado no filme e a polícia corrupta)... eu não vou matar, não vou roubar, vou tratar de estudar”. Depois desse comentário, passei a enxergar o filme sob outra perspectiva.

Fui conduzido pelas mãos do diretor Sergio Rezende e me concentrei no drama da mãe, interpretada pela ótima Andrea Beltrão, até mais do que na primeira vez que vi o filme. O filho, que é levado a cometer um crime involuntário e vai preso, me parecia apenas mais um jovem perdido, desocupado, sem perspectivas. Só depois do bate papo, me dei conta de que o filme só existe como conseqüência do crime praticado pelo filho. Vê quem quer.

OBS: Publicado em fevereiro de 2010 no site http://www.programapapodebuteco.com.br/

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