sábado, setembro 20, 2014

Eles Voltam (Marcelo Lordello, 2012)



Ainda que o meu entusiasmo por Eles Voltam não se compare ao arrebatamento proporcionado pelas últimas produções provenientes de Pernambuco, é inegável que o material possui uma sensibilidade que o distingue dos outros trabalhos gerados nesta região. O enfrentamento das forças arcaicas colonialistas frente à disposição corrente das relações urbanas contemporâneas, característico do cinema pernambucano em atividade, encontra uma abordagem menos hostilizada nas mãos de Lordello - ele investe mais na aproximação e no entendimento do que no conflito, distanciando-se do caráter violento a qual outras abordagens estiveram associadas. A protagonista de nome Cris (Maria Luiza Tavares), uma pré-adolescente de 12 anos, é forçosamente submetida a um rito de passagem, curto, é verdade, mas bem erigido, composto por cenas e situações bastante inventivas. Lordello testa o tempo todo nosso preconceito, construindo sua narrativa de forma a fazemos um julgamento prévio de algumas questões, para logo em seguida sermos desarmados pelo desenrolar dos eventos. O mundo "conspira" o tempo todo contra ela, que se vê obrigada pouco a pouco a reagir, experimentando na pele o que seus pais se esforçaram para lhe poupar. Dessa vivência involuntária e até então indesejada, desabrocha uma mulher.

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