Rastros de Maldade (2015) - o filme
veio direto para o Video On Demand no Brasil levando muito tempo para ganhar um
título em português. Eu me acostumei com o título original, Bone Tomahawk, dado o volume de críticas
(favoráveis) em inglês publicadas quando do seu lançamento nos EUA: houve um
descompasso de quase um ano entre a estreia americana e a sua disponibilidade
no Brasil. O projeto ganhou uma merecida aura cult, em razão da bem sucedida
mistura dos gêneros western e terror, que tende a ganhar corpo à medida que o
tempo passar. As atuações estão soberbas, ancoradas pelo
"carpenteriano" Kurt Russel, posando um corte de barba impecável. Ele
carrega o distintivo de xerife, acompanhado pelo personagem de Richard Jenkings,
numa parceria que lembra os bons momentos da dupla John Wayne/Walter Brennan.
Matthew Fox e Patrick Wilson compõem o restante do quarteto, sem se curvarem
diante da presença dos outros dois monstros do cinema. Na verdade, ambos têm o
seu momento de estrelato, contribuindo para a densidade do relato. Filme de
fruição prazeirosa. Aguardemos os próximos passos de S. Craig Zahler.
Ganga Bruta (1933) -
absolutamente desconcertante. O filme antigo mais moderno que assisti
recentemente. Quando o Brasil era uma terra de possibilidades concretas.
Arquitetura, natureza e música combinadas à perfeição. No texto de Fernando
Veríssimo para a Contracampo, o autor exclama: Quem consegue esquecer uma
sequência como o flashback do protagonista evocado por uma canção entoada em
seresta? Ou aquelas em que o simbolismo com forte influência freudiana irrompe
inesperadamente em meio a ambientação predominantemente naturalista, como a
união sexual do galã Durval Belline e Déa Selva? Obrigatório.
La La Land (2016) - o filme
funcionou pra mim, especialmente pela parte de Emma Stone, atriz que captou
minha atenção de vez a partir do subestimado Aloha (Cameron Crowe, 2015). Um musical precisa de boa música pra
funcionar, e isso não falta em La La Land.
Coreografia mesmo só na excelente cena de abertura, que aterrissa o espectador
no filme, sem rodeios, convidando-o a abraçar a proposta. A sequência final da
"realidade alternativa" elevou a produção a outro patamar: incita o
publico a fazer uma busca em sua memória afetiva das "suas vidas que
poderiam ter sido" - todo mundo tem uma história alternativa pra contar.
Faz sentido o filme ser o grande premiado na noite do Oscar, que nada mais seria
do que a Academia premiando a si mesma – Argo
(Ben Affleck, 2012) experimentou a
mesma condição há alguns anos atrás.
Sully (2016) – Filipe
Furtado na sua tradicional lista de favoritos publicada todo final de ano
extrai o essencial do filme: “Sully é
o filme mais curto da carreira de Clint Eastwood com seus 96 minutos, também
pudera, o que existe aqui de história para contar ocorre no espaço de uns cinco
minutos entre as aves atingirem o avião e os passageiros serem resgatados. O
que Eastwood extrai destes poucos minutos que ele desdobra repetidas vezes é
uma pequena obra-prima sobre a reação humana diante de algo improvável, a
ênfase toda em como cada pessoa, os pilotos, os passageiros, os técnicos,
reagem aquela cadeia de eventos”. Outra interpretação memorável de Tom Hanks.