Transeunte (Eryk Rocha, 2010)
No post dos Melhores Filmes Nacionais de 2011 eu lamentava o fato de haver perdido as
exibições de Transeunte em minhas visitas a São Paulo no ano passado. Por
sorte, o filme chegou a Ribeirão Preto como integrante do Festival SESC
Melhores Filmes 2012 em impecável cópia 35 mm.
É um encontro bem
sucedido entre forma e conteúdo, numa proposta que explora as fronteiras do
formato documentário x ficção. O filme é basicamente um road movie no centro da cidade do Rio de Janeiro, com um homem de
meia idade solitário, Expedito (o extraordinário Fernando Bezerra),
perambulando pelas ruas da capital carioca. Dotando seu personagem apenas de um
surrado radinho de pilha - adesivado com a palavra Mengão -, Eryk Rocha estabelece
uma curiosa e criativa fusão sonora entre os ruídos da cidade grande (o
ambiente que cerca o protagonista) e a programação recorrente das AMs (representando
o seu foro íntimo). Seu personagem emerge dessa improvável, porém frutífera,
interação. A cena do jogo do Flamengo no Maracanã, em que a emoção contida de
Expedito irrompe, é antológica.
José Geraldo Couto
escreveu um belo post do filme na
ocasião do seu lançamento no circuito comercial comparando-o ao também ótimo Ex-Isto (2010), de Cao Guimarães.
Heleno (José Henrique Fonseca, 2011)
Menos um filme
sobre o futebol do que sobre o universo que cerca esse esporte (perfeitamente
cabível em outros esportes também). É um verdadeiro caracter study, que, embora retrate uma figura dos anos 1930 e 1940,
ressoa forte no nosso mundo contemporâneo de pseudo-celebridades. Rodrigo
Santoro se entrega de corpo e alma ao personagem, beneficiando-se do estilo
histriônico e expansivo do mitológico Heleno de Freitas. Um homem de
personalidade forte que cavou sua própria cova, tamanha a negligência com que conduziu
a própria vida. Não compartilho de todo o entusiasmo do meu amigo Gilles Maciel
pelo filme (foi coroado com nota 10 no nosso Papo de Buteco), mas enxergo uma
evolução absurda em relação ao projeto anterior de José Henrique Fonseca, O Homem do Ano (2003). Walter Carvalho,
como de hábito, deixa a sua marca indelével na direção de fotografia.
Não vi o primeiro, mas já conferi HELENO. Vale pela ótima atuação de Santoro e a fotografia talentosa de Walter Carvalho.
ResponderExcluirO Falcão Maltês
De fato Nahud, são os dois pontos que realmente sobressaem em HELENO. Eu fiquei mais impressionado em um primeiro momento, mas o filme tende a reduzir-se a atuação e a fotografia, que o sustentam muito bem.
ExcluirMuito bom seu blog. Vou linká-lo no meu. Parabéns!
ResponderExcluirÉ uma honra contar com a sua visita Setaro. Seja sempre bem vindo.
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