sábado, janeiro 24, 2015

O que eu vi de melhor em 2014 - nacionais

A Cidade é uma Só (Adirley Queirós, 2011) - eu o vi logo depois de conferir Branco Sai, Preto Fica (2014) na Mostra do ano passado. Foi o melhor filme brasileiro da nova safra que eu assisti no ano. Embora a produção seja de 2011, eu me senti na obrigação de relacioná-la aqui. Mais uma vez, fui salvo pela programação do Canal Brasil. Um híbrido ficção-documentário de cunho altamente político que ganha vida por meio da utilização criativa da música - esse recurso também é empregado no filme seguinte do diretor de forma um pouco menos fluente.

O Menino e o Mundo (Alê Abreu, 2013) - ninguém começa assistindo a essa produção ciente de onde ela será capaz de nos conduzir. Seus traços singelos enganam, a ponto de subestimarmos seu potencial. Ao fim, todos se sentirão recompensados com uma bela surpresa. O Brasil entra no mapa da animação mundial.

Quando eu era Vivo (Marco Dutra, 2014) - o coletivo paulista Filmes do Caixote mais uma vez dando uma bola dentro num universo pouco explorado pelo cinema nacional: o filme de terror. Espremido entre os lançamentos oscarizáveis do início do ano, o filme aportou em Ribeirão meio por acaso. Suas imagens permanecem vívidas comigo até hoje. Um casting relativamente inusitado, que acaba rendendo um conjunto bem afiado.

O Lobo Atrás da Porta (Fernando Coimbra, 2013) - já se vão quase 15 meses desde que o vi na Mostra de São Paulo de 2013. O que permanece é menos a polêmica da situação retratada e mais o exercício de direção de Coimbra, bem como a excelência da interpretação de todo o elenco. Uma bela tentativa do cinema tupiniquim de se produzir um thriller de qualidade.

Avanti Popolo (Michael Wahrmann, 2013) - esse talvez seja o patinho feio da seleção. A herança do governo militar condensada na rotina de uma família profundamente afetada por ela. Os registros caseiros em Super-8 servem tanto para resgatar o tempo perdido (pessoal ou coletivo), como para refletir o papel do cinema na construção da memória. Partindo de uma família fissurada se chega a toda uma nação. A abordagem evita o lugar comum da dramaturgia, frequentemente preocupada em simplificar o conflito num duelo entre "mocinhos e bandidos".

Eles Voltam (Marcelo Lordello, 2012) -  o cinema pernambucano batendo cartão novamente. Desta vez, a violência cede espaço para a busca pela conciliação. A tomada de consciência da protagonista (bem como do público), num "árido movie" que escancara as diferenças sociais que separam o universo dela do restante do sertão nordestino. Um rito de passagem prosaico, ainda que muito bem erigido.

Mataram Meu Irmão (Cristiano Burlan, 2013) – vale estar por aqui só pela entrevista na praia, aproximadamente na metade do longa, com um dos amigos do falecido. É difícil encontrar esse grau de exposição e discernimento em um documentário. O diretor faz das suas dores as nossas.

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