domingo, abril 30, 2017

A Viúva Alegre (Ernst Lubitsch, 1934)




Quase dois meses sem passar por esse espaço. Felizmente não foi por falta de filme; alternativas para escrever não me faltaram. Foi puramente escassez de tempo mesmo.

É sempre bom voltar aos clássicos, pra não dizer necessário, já que nos permite colocar as coisas em melhor perspectiva. O que dizer de um Lubitsch então? Essa foi uma das vezes em que o "Lubitsch touch" ficou mais óbvio pra mim. Honestamente, não esperava tanto de A Viúva Alegre, mas fiquei absolutamente encantado com a safadeza do diretor. O tema poderia ser desenvolvido de forma mais pesada - a versão da peça filmada por Eric Von Stroheim ao que tudo indica tem essa pegada - mas na mão de Lubitsch quase levita de tão leve.

A cena em que o mulherengo Danilo (Maurice Chevalier) é flagrado pelo Rei (George Barbier) em seus aposentos flertando com a Rainha (Una Merkel), rende a mais espirituosa sequência de adultério que eu já vi. Tá certo que é um mundo de faz de conta, em que vale tudo, mas mesmo assim ela permanece irresistível. Sem contar que a construção da gag em que o Rei se dá conta da sua condição de corno é puramente cinematográfica.

Existe um charme que perpassa toda a produção, muito pela contribuição dos atores, sobretudo os personagens secundários, que dá um refinamento desejável ao resultado final. Vale lembrar que o Código Hays passou a vigorar pouco depois do seu lançamento, poupando a produção da censura temática a que certamente ela estaria sujeita (adultério sendo uma delas).

No mesmo dia eu ainda vi A Mulher de Verdade (1943, Preston Sturges), na expectativa de que as experiências seriam semelhantes. Não me causou o mesmo entusiasmo, o que não significa que eu não tenha gostado. O olhar para os personagens secundários é preciosíssimo, no mesmo nível dos filmes de Lubitsch. Só não me pareceu tão inspirado.

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