Levei um tempo para entrar no clima de Results. O filme não se entrega tão
facilmente ao espectador. Leva mais de hora para entendermos que se trata de
uma comédia (romântica???); o transtorno comportamental do personagem de Kevin
Corrigan e a rigidez da personagem de Cobie Smulders reforçam a impressão de um
drama, dissipada apenas pelo otimismo exasperado do personagem de Guy Pearce.
Porém, pouco a pouco, o arranjo de relacionamentos proposto por Andrew Bujalski
começa a tomar forma, reservando uma grata surpresa após a outra, ao optar por caminhos
narrativos absolutamente inesperados.
Os atores abraçam a proposta com tanta
paixão e desenvoltura que, findada a sessão, já estava eu buscando outras
produções de Kevin Corrigan e Cobie Smulders, tamanha a minha admiração pelo
trabalho dos dois e a vontade de acompanhar a evolução de suas carreiras. Guy
Pearce não fica atrás, mas a sua trajetória já goza de uma exposição midiática
mais ampla. Esse foi o meu primeiro filme de Andrew Bujalski, que já entrou no
meu radar de prioridades da mesma forma.
Os três personagens exibem logo de cara
as suas fraquezas, expondo de forma transparente os conflitos gerados pela sua
interação. Essa opção reforça no espectador a representação estereotipada dos
mesmos, de forma que algumas das suas ações tendem a ser vistas pelo lado
grotesco (em algum ponto entre o mau gosto e o constrangedor). Quando a corda
rompe de vez, em razão da dificuldade de relacionamento entre as partes (todas
as relações são mediadas por contratos: trabalhista; usuário x prestador de
serviços; cliente x fornecedor), o filme quase sai dos trilhos. Só
posteriormente percebemos o quanto Andrew Bujalski estava no controle de toda a
situação.
No final das contas, os personagens só
existem por suas imperfeições. O pay off
dessas diferenças não vem de súbito, como uma espécie de revelação bombástica,
ele vai sendo gestado aos poucos num nó que leva tempo para desatar. Em nenhum momento Bujalski vende o
que não consegue entregar: não esqueçamos que se trata de um filme, não da vida
real; uma criação artística que necessita “dialogar” com o público o tempo todo
a fim de não perdê-lo. Mas ninguém pode acusá-lo de covardia, Bujalski aposta
alto, explora as convenções do gênero de forma inusitada, para no fim chegar ao
mesmo ponto (ou, alcançar o mesmo resultado). Aqui, o caminho alternativo é que faz a diferença!
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