domingo, fevereiro 24, 2019

Infiltrado na Klan (Spike Lee, 2018)


Daqui a pouco começa a festa do Oscar. Embora já faça uns bons anos que não consigo assistir a todos os filmes indicados anteriormente a noite da premiação, persisto posteriormente para tentar preencher essa “lacuna”. Do ano passado ainda me faltam Me Chame pelo Seu Nome (Luca Guadagnino, 2017) e Trama Fantasma (Paul Thomas Anderson, 2017).

Confesso que esse ano eu tive a oportunidade de assistir a todos os indicados com antecedência, mas me faltou apetite para abraçar todas as propostas apresentadas. O único que me chamou a atenção e honestamente não sei como foi parar por lá foi o Infiltrado na Klan, de Spike Lee. Faz duas semanas que o vi no cinema e digo que valeu a espera.

A história é tão bizarra que é difícil encará-la a sério. Spike Lee sabia disso. Tanto que ele nunca abandona o tom de deboche da proposta, como se o próprio ato de filmá-la fosse encarado como uma represália histórica regozijante, uma espécie de triunfo folclórico tardio. A recriação do episódio é a oportunidade de fazê-lo com a segurança de se lambuzar sem se envolver com o perigo real da missão, assumida por completo pelo personagem judeu de Adam Driver que se expõe de forma visceral. Ciente dessa linha tênue de abordagem, da qual ele sempre foi muito crítico, e sua própria filmografia é a prova cabal dessa postura, ele termina o filme com as imagens devastadoras do episódio de Charlottesville em 2017, pra colocar uma pá de cal no assunto e deixar bem claro que a questão está mais presente do que nunca.

A Mula (2018) é outro exemplar magnífico de Clint Eastwood que continua me surpreendendo com a sua fluidez narrativa de dar inveja. Alguns dias antes da minha sessão eu assisti a Golpe de Misericórdia (1949), de Raoul Walsh, que é uma das fontes inesgotáveis de inspiração do veterano diretor. Os heróis esquecidos de Walsh tem a mesma vitalidade dos personagens de Clint Eastwood e flertam com a mesma intensidade com a morte. Duarte Mata, do ótimo site português À Pala de Walsh, escreveu o que eu gostaria sobre o filme: “de uma maneira ou de outra, filmes anteriores de Eastwood são aqui reunidos numa obra que acarreta toda a aura de um filme-testamento, e o tráfico de drogas tem tanta importância em A Mula como o boxe tinha em Menina de Ouro: quase nenhuma, antes o de ser um mero pretexto para falar sobre dois temas pessoais que são o que interessam verdadeiramente a Eastwood, a família e a redenção”.

O Pecado de Todos Nós (John Huston, 1967)



Maj. Weldon Penderton (Marlon Brando): I'm sorry, Leonora. It's just all this clutter is...

Leonora (Elisabeth Taylor): What's the matter with clutter? I like it.

Maj. Weldon Penderton: I'd rather live without it. Bare floors. Plain white walls. No window curtains. Nothing but essentials.

Leonora: If that's the way you feel about it, why don't you resign your commission and start all over again as an enlisted man?

Maj. Weldon Penderton: Of course you're laughing at it, but there's much to be said for the life of men among men... with no... luxuries, no ornamentation. Utter simplicity. It's rough and it's coarse, perhaps, but it's also clean - it's clean as a rifle. There's no speck of dust inside or out... and it's immaculate in its hard young fitness... its chivalry. They're seldom out of one another's sight. They eat, and they train, and they shower, and they play jokes... and go to the brothel together. They sleep side by side. The barracks room offers many a lesson in courtesy and how not to give offense. They guard the next man's privacy as though it was their own. And the friendships, my lord. There are friendships formed that are stronger than... stronger than the fear of death. And - they're never lonely. They're never lonely. And sometimes I envy them... well, good night.