sábado, agosto 28, 2010

Se nada mais der certo (José Eduardo Belmonte, 2008)



“A gente é educado pra não roubar, mas não é educado pra não ser roubado”

É uma tarefa difícil classificar o filme de José Eduardo Belmonte, Se nada mais der certo (2008), como bem reconheceu o próprio diretor no bate papo que rolou no Cine Cauim em Ribeirão Preto no programa Mostra Permanente de Cinema Brasileiro. Bem mais fácil é gostar do filme. O entrosamento do elenco é tão afinado e a escolha dos atores tão certeira que o que vemos na tela não são meras representações, mas sim a radiografia de seres humanos errantes vivendo uma situação limite.

Na contramão da avalanche de produções recentes que retratam apenas a pobreza do nosso país, o filme se presta a observar a classe média brasileira: desesperançada e órfã de um estado acolhedor. Lembra um pouco o clima instaurado pelo filme Terra Estrangeira (1996), de Walter Salles. Assistimos a uma dolorosa, ainda que bem humorada, reflexão sobre nosso tempo. A carga política nesse caso é mais presente, mas ainda assim o diretor consegue equilibrar bem sua influência sobre as relações afetivas que unem os personagens. Felizmente ela nunca se sobrepõe, e configura ainda o pano de fundo perfeito para aproximar indivíduos de realidades tão díspares.

Mais uma vez, toda ação perpetrada pelos personagens é decorrência do desespero, do estado anestésico, letárgico imposto pelo estado opressor. O trio protagonista - um jornalista falido, um motorista de taxi e uma golpista - parte para uma vida de pequenos delitos sem refletir sobre a decisão moral dessa escolha. Isso é compreensível, até justificável, uma vez que a massa corrupta que governa nosso país se vale da mesma moeda: aqui o diretor não economiza imagens e nem suaviza o discurso para denunciar essa prática. Essa moral, tão cara à consciência da nação, é jogada às traças em nome da sobrevivência. Bem como em Caçadores de Emoção (1991), o grande roubo do qual os protagonistas fazem parte é realizado com as máscaras dos presidentes Fernando Collor, Fernando Henrique Cardoso e José Sarney, numa clara referência à corrupção dos seus mandatos.

Duas grandes cenas: a primeira quando o grupo desce a serra rumo à praia ao som de Little Wing, de Jimi Hendrix, e a segunda quando se dá o grande roubo ao som dos Saltimbancos. Em ambos é a música que dá o tom; na primeira alivia a tensão permanente que paira sobre os personagens e na segunda faz um comentário irônico elegante sobre aquilo que se vê.

Existem desempenhos tão marcantes de atores desconhecidos em início de carreira que nos levam a segui-los por todas as produções que trazem seus nomes nos créditos, mesmo que  sejam em filmes de reputação duvidosa. Desde o lançamento de Cinemas, Aspirinas e Urubus (2005), de Marcelo Gomes, vimos o surgimento de um talento nato: João Miguel. Pra nossa sorte, o que veio depois disso foi só pra confirmar essa percepção. Como bem disse Belmonte, ele é o porto seguro da produção, o ator, mesmo jovem, mais experiente da turma.

Cauã Reymond, que sempre habitou o território seguro das telenovelas, prova mais uma vez, depois do excelente Falsa Loura (2008), que seu talento vai além do seu sex appeal. Novamente, o galã presta serviços valiosos ao seu personagem. A intenção inicial do diretor era contar com Reynaldo Gianecchini; sem sombra de dúvidas, o filme ganhou com a sua ausência.

Por fim, a novata Caroline Abras. O personagem dela é o elemento central da trama, o pivô de toda a ação que se passa no submundo do crime. Ela é o coração do filme, carrega consigo toda a inocência perdida. Grande elenco, grande filme.

domingo, agosto 22, 2010

Adventureland (Greg Mottola, 2009)



Depois que John Hughes (Gatinhas e Gatões, O Clube dos Cinco, Mulher Nota 1000, Curtindo a Vida Adoidado) reinventou a adolescência na década de 80, retratando seus sonhos, angústias e comportamentos, virou praxe associar esse período de nossas vidas aos filmes criados por esse diretor. De fato, nos vemos refletidos em seus personagens. Esses registros foram tão fortes que serviram de molde para tudo o que foi produzido a partir de então. A indústria cinematográfica descobria um nicho de mercado a ser explorado e um público ávido por se ver retratado nas telas.

Desde então, pululam nos cinemas produções - em tom mais infantil - retratando esse período, e vez ou outra surge nas telas algum filme digno de consideração e respeito. Em sua segunda incursão pelo território arenoso da adolescência Greg Mottola, do ótimo Superbad (2007), dirige Frustadas Férias de Verão (Adventureland, 2009), que saiu direto em DVD. Aproveitando-se da contribuição de Hughes para o gênero, ele ambienta seu longa no ano de 1987, recheia a trilha sonora de músicas que marcaram o imaginário de toda uma geração e conduz um elenco juvenil com maestria. Não acrescenta nada de novo ao assunto, mas o trata com honestidade. Nada de mortes repentinas, sustos forçados e sexo, drogas e rock n’roll. Pensando bem, talvez uma dose comedida dos três últimos, suficiente para apimentar a trama e aflorar em seus personagens paixões enrustidas e declarações contundentes.

A ação se passa dentro desse parque de diversões chamado Adventureland, que bem poderia ser uma escola, ou um desses acampamentos de verão. Nesse parque, ao contrário do que somos levados a intuir, os personagens se encontram para trabalhar não para se divertir, mesmo estando em período de férias escolares. Ninguém está lá porque quer, e sim porque precisa. O trabalho surge da falta de opção, como um meio de se ocupar do tempo à espera da próxima estação. O tempo presente, moribundo, soa passado. A célebre frase de John Lennon “Life is what happens to you while you’re busy making other plans” parece traduzir bem o clima que toma conta do filme.

O tom meio amargo da produção, o tédio, os dias cinzentos, a condição depredada do próprio parque, nada disso impede que a graça emane dos seus personagens. Mesmo nesse estado indolente, são as emoções humanas em todas as suas formas que assumem o papel principal. Ama-se, chora-se, odeia-se, ri-se. Apesar do caráter melancólico da minha escrita o filme é divertidíssimo, tanto que os personagens rezam para o tempo passar logo enquanto a platéia roga pela sua permanência.

Acredito que desde John Hughes não surge nada tão interessante quanto esse filme. Mesmo o mentor de Greg Mottola, o diretor e produtor Judd Apatow, com seu talento incontestável, não produziu nada à altura de Adventureland.

sábado, agosto 14, 2010

A Origem (Chirstopher Nolan, 2010)



Difícil permanecer indiferente ao impacto causado pela sessão de A Origem (2010), de Christopher Nolan. Com poucos minutos de projeção somos introduzidos a complexa dinâmica de interações que rege o “mundo dos sonhos”: suas multicamadas, sua lógica própria, seu indecifrável enigma. Logo na primeira cena tudo que interessa aos personagens e ao espectador já está em jogo: o sonho, o real, o tormento, a esposa, os filhos. À medida que o filme avança esses elementos se embaralham, se confundem, se sobrepõem. Quem espera que eles se organizem, se expliquem ou se justifiquem deve se frustrar; a intenção não é esclarecer e sim plantar a semente da dúvida. O que atormenta os personagens passa a atormentar o espectador: quando começa o sonho e termina a realidade, ou, quando termina o sonho e começa a realidade?

Sabe-se que o diretor levou dez anos pra transformar essa história em objeto fílmico, e honestamente, considerando todos os detalhes de produção – escrever a história, estabelecer a sua lógica, a interação entre os personagens, convencer os executivos a bancar o projeto, o processo de filmagem, a edição minuciosa de som e imagem - e o resultado que se vê na tela, era de se esperar que o tempo fosse maior, tamanha a riqueza de detalhes e a quantidade de interpretações que o filme sugere. Mesmo quem não está muito habituado a perceber ou notar o caráter manipulador de um diretor sobre um filme, aqui ele se escancara e expõe todas as suas entranhas.

A história é sobre Dom Cobb (Leonardo di Caprio), sujeito que, profissionalmente, se utiliza da tecnologia e drogas para se infiltrar nos sonhos de outras pessoas e, pessoalmente, se encontra em crise por causa da culpa pela morte da sua mulher (Marion Cotillard). Por ser considerado o suspeito de tê-la matado, ele foge dos EUA largando os dois filhos sem que possa vê-los antes de provar a sua inocência.

A fim de realizar um trabalho que permita seu regresso aos EUA e a seus filhos, ele aceita a proposta de um milionário japonês (Ken Watanabe) que promete livrar a sua cara, contanto que ele “convença” o herdeiro do seu principal concorrente (Cillian Murphy) a partilhar seu império. Acostumado a penetrar nos sonhos alheios para roubar segredos e ideias, dessa vez a tarefa será inversa: inserir uma ideia na mente de outra pessoa. Como melhor explica o filme, esse trabalho é mais complicado do que o habitual e requer um time capacitado para realizá-lo; todos desempenham um papel relevante na história e cada qual tem a sua carga de responsabilidade nesse plano engenhoso.

Conforme sugere essa breve descrição é possível perceber que boa parte da projeção se passa dentro do “mundo dos sonhos”. É louvável e digno de nota o esforço do diretor para tornar crível esse mundo que nos assombra: aqui a tecnologia merece um capítulo a parte e seu emprego deveria servir de base para todos esses exemplos recentes de filmes em 3D que se utilizam desse recurso de maneira inócua. A cena em que todo o esplendor desse “mundo” se mostra em toda a sua magnitude se dá quando a personagem de Ellen Page, Ariadne, intitulada “arquiteta dos sonhos”, caminha pelas ruas de Paris ao lado de Leonardo di Caprio e transforma a paisagem urbana conforme suas projeções mentais. Ela vira a Cidade Luz, literalmente, de cabeça para baixo.

Mesmo se tratando do mundo sonhado, o filme não se apresenta como um registro onírico, que é próprio dos sonhos, ele se assemelha mais a uma realidade manipulada, fruto da imaginação do diretor Christopher Nolan. Isso enfraquece o efeito que o filme desperta sobre nós. Tudo se mostra tão bem calculado, arquitetado, que a noção de sonho, ao menos da forma como o conhecemos, se dissipa. Acreditamos “estar nos sonhos” porque os personagens o dizem, não porque “o reconhecemos”.

Essa materialização dos sonhos, ou representação da mente, se encontra bem presente na produção contemporânea, especialmente nos filmes roteirizados por Charlie Kaufman: Quero ser John Malkovich (1999), de Spike Jonze, Brilho eterno de uma mente sem lembranças (2004), de Michel Gondry e Sinédoque, Nova York (2008), do próprio Kaufman. A mente configura seu material fílmico por excelência; não basta filmar uma pessoa atormentada, é preciso dar forma a esse tormento. O caos instaurado e materializado na mente do personagem de Jim Carrey em Brilho Eterno é muito semelhante ao de Don Cobb em A Origem. Outro exemplo bem acabado é Matrix (1999), dos Irmãos Wachowski.

O cinema sempre flertou com a ideia de sonho e sempre houve grandes diretores que ficaram reconhecidos por explorar esse universo com desenvoltura: Luis Buñuel, Jean Cocteau, Alfred Hitchcock, Federico Fellini, Alan Resnais e David Lynch. Em boa parte de seus filmes a impressão de se estar em um sonho é recorrente: imagens desconexas, impactantes e incongruentes. Não existe uma razão aparente que justifique o agrupamento das cenas na ordem sugerida, daí que esses filmes resultem semelhantes a “experiência sonhada”.

Talvez o filme de Christopher Nolan não resulte em uma “experiência sonhada” autêntica; como já disse, existem exemplos mais bem acabados; no entanto, como gênero policial, pode-se dizer que o filme o subverte. É tudo tão original que se torna difícil classificar o filme. Se não fosse pelo excesso de explicações para justificar o paradeiro dos personagens – talvez necessário para se criar a ilusão de uma obra perfeita, bem amarrada – o filme ganharia mais fôlego pra trabalhar a emoção do espectador. Esse controle obsessivo pelo produto acabado anestesia qualquer manifestação emotiva.

domingo, agosto 08, 2010

Bate papo com Sergio Rezende



Imperdível! Não existe termo mais adequado para definir a sessão de Salve Geral (2009) na última quarta feira, 24 de fevereiro, no Cine Cauim, como parte do programa Mostra Permanente de Cinema Brasileiro na parceria do SESC de Ribeirão Preto com o Cineclube Cauim.

Eu não contei, mas acredito que havia mais de duzentas pessoas no auditório. Dava gosto de ver a sala repleta de gente. Contribuiu para esse número a presença do diretor do filme, Sergio Rezende, que ficou após a projeção para um bate papo com a platéia.

Particularmente gosto muito dessas experiências, já que me permitem entender um pouco das escolhas, dificuldades e motivações que levaram o autor a tocar adiante o seu projeto. Essa interação da platéia com o diretor de um filme é tão rara que, de todas as poucas vezes que tive a oportunidade de presenciar esse momento, nunca hesitei em faltar. É importante notar que no Cauim, como todas as sessões são gratuitas, o público que comparece nada tem a ver com os freqüentadores de cinema dos shoppings e afins. São pessoas que não tem o hábito de assistir aos filmes em tela grande, e normalmente o universo cinematográfico que lhes é familiar é o dos programas de fim de noite ou de final de semana da TV aberta, ou seja, basicamente o cinemão hollywoodiano. Filmes que normalmente não se prestam muito a reflexão.

Nessas circunstâncias, podemos enxergar de perto o que os filmes podem fazer pela vida das pessoas. Durante o bate papo um jovem sentado ao meu lado pediu o microfone e disse, “estou chocado, acabei de levar um soco na cara, no Brasil são duas facções (referência ao PCC retratado no filme e a polícia corrupta)... eu não vou matar, não vou roubar, vou tratar de estudar”. Depois desse comentário, passei a enxergar o filme sob outra perspectiva.

Fui conduzido pelas mãos do diretor Sergio Rezende e me concentrei no drama da mãe, interpretada pela ótima Andrea Beltrão, até mais do que na primeira vez que vi o filme. O filho, que é levado a cometer um crime involuntário e vai preso, me parecia apenas mais um jovem perdido, desocupado, sem perspectivas. Só depois do bate papo, me dei conta de que o filme só existe como conseqüência do crime praticado pelo filho. Vê quem quer.

OBS: Publicado em fevereiro de 2010 no site http://www.programapapodebuteco.com.br/

domingo, agosto 01, 2010

Hollywood e o fast food

Roger Ebert, o mais famoso crítico norte americano, foi preciso em seu comentário que descreve a vigente mentalidade hollywoodiana de produção de filmes em série. Pra ele, assistir a um filme da atual temporada de lançamentos cinematográficos é como comer um fast food.

“I use the word "consumer" deliberately. This genre doesn't require an audience in the traditional sense. It attracts children and young teenagers with the promise of cinematic fast food: It's all sugar and caffeine, no nutrition. In place of a plot, there's a premise; in place of carefully crafted action, there are stupefying exercises in computer-generated imagery, and in place of an ending, there's a hook for the sequel and, if all goes well, a new franchise.”

O trecho acima foi extraído de sua crítica ao filme O aprendiz de feiticeiro (2010), de Jon Turteltaub, que estreou nos EUA em 13 de julho.

De fato, enquanto falta talento pra uns, sobra pra outros: Clint Eastwood, Martin Scorsese e Roman Polanski com seus Invictus, Ilha do Medo e O Escritor Fantasma, respectivamente, configuram o que de melhor aportou nos cinemas neste ano. E olha que todos se valeram do cinema tradicional pra contar suas histórias; em suma, “no special effects added”.

Clint Eastwood X Raoul Walsh


Freqüentemente acabo descobrindo o valor de um filme assistindo a outro. Muitas vezes, passo a enxergar melhor a proposta, visão e/ou intenção de um diretor consultando suas influências. Na verdade, esse exercício de comparação e de descoberta configura um dos maiores prazeres dos amantes da sétima arte.

Em um período de um ano assisti a alguns filmes de Raoul Walsh: Heróis Esquecidos (1939), Fúria Sanguinária (1949), O Mundo em seus Braços (1952), Esse Homem é Meu (1956) e O Ídolo do Público (1942). Estou inclusive aguardando ansiosamente o lançamento em DVD de Sua Única Saída (1947), para conferir um dos seus trabalhos mais cultuados. Como escreveu Peter Bogdanovich em seu livro de entrevistas Afinal, quem faz os filmes, “Se jamais existiram aventureiros no cinema, Walsh, com certeza, encabeça a lista.” Seus filmes estão impregnados de um senso de aventura e de humor raramente vistos hoje em dia.

Ao término de O Ídolo do Público, com Errol Flynn interpretando um pugilista em estado de graça, não consegui desassociar a experiência do filme de Walsh com o mais recente Clint Eastwood, Invictus (2009). Na verdade eu já havia gostado do último Eastwood, mas me parece que faltava o tempero adequado pra tornar um prato saboroso uma experiência inesquecível. Ambos são capazes de fazer comentários sociais pertinentes sem perder de vista o gosto pelo entretenimento.

Talvez o filme de Walsh equilibre melhor a abordagem do esporte e da ascensão social; os dois estão tão interligados na narrativa e permeados de momentos cômicos que a gravidade dessa combinação não se faz notar facilmente. O diálogo final entre os dois rivais, sublime, estabelece o ponto de vista de seu realizador. O espírito do discurso de Mandela está presente na cena. Em Invictus, dividido claramente em duas partes, o começo imprime um tom mais grave, assistimos ao líder negro Mandela assumir o comando de um país esfacelado pela luta racial. Sua retórica poderosa instiga o público a pensar e o comentário social prevalece. Na segunda parte o esporte assume a ponta.

Essa distinção entre as partes atrapalha um pouco a evolução do filme; ele enfraquece à medida que se aproxima do final. Não compromete, mas o que carregamos conosco é a enigmática presença de Morgan Freeman, sua presença, voz e entonação, capaz de conferir profundidade e dignidade ao discurso mais inócuo; que não é o caso aqui, os diálogos fazem jus ao mito Mandela.

Acho que passei a aceitar melhor as imperfeições de Invictus após assistir O Ídolo do Público. Mesmo que não seja uma referência assumida, as semelhanças me fazem crer que Eastwood bebeu nessa fonte. Não é muito difícil, já que seu estilo é fortemente influenciado pelo cinema clássico.

O crítico da Folha de S.Paulo, Inácio Araújo, em sua crítica do filme para o jornal, termina dizendo que Clint Eastwood alterna suas influências em sua cinematografia ora optando por John Ford, ora por Howard Hawks. Faltou mencionar outro gigante: Raoul Walsh.

OBS: Publicado em março de 2010 no site http://www.programapapodebuteco.com.br/