Dia desses, numa consulta despretensiosa
a programação do Telecine, deparei-me com a exibição do primeiro longa-metragem
de Paul Thomas Anderson, Jogada de Risco. Mesmo não sendo nada de mais, ainda assim é
melhor do que a média da programação. Talvez se eu o tivesse visto em 1996, ano
de sua estreia e antes do deslanche da carreira do cineasta, minha atenção não teria sido despertada a ponto de memorizá-lo. Vê-lo agora, vale pelo exercício de relacioná-lo
aos outros longas do diretor a fim de encontrar alguns pontos de convergência entre
eles – ou alguma desculpa para se aplicar o termo autoria impunemente.
Desde o seu primeiro trabalho
Paul Thomas Anderson já demonstrava uma predileção pelos planos-sequência, um
olhar mais voltado para o desenvolvimento da personagem em detrimento da
história (ou enredo) e um domínio da encenação que valoriza o trabalho do ator.
Essas características realmente definem o seu método de trabalho, cujo emprego preciso
lhe garante o formato distintivo de seus filmes.
A recorrência que mais me chama a
atenção em seus projetos, no entanto, é a relação ambígua que o protagonista
mantém com outro personagem, normalmente coadjuvante (de luxo). Sejam eles pais
e filhos, amigos ou desconhecidos, amantes ou parceiros, seus filmes sempre
proporcionam um estudo minucioso, não necessariamente elucidativo, de uma
relação instável e conturbada, de dependência (física, emocional e/ou financeira) pautada pelo excesso, normalmente carregada de
culpa (a religião, qualquer que seja ela, exerce uma influência decisiva sobre
o comportamento de suas criações).
- Jogada de Risco - Sydney (Philip Baker Hall) e John (John C. Reilly)
- Boogie Nights - Dirk Diggler (Mark Wahlberg) e Jack Horner (Burt Reynolds)
- Magnolia - Frank T.J. Mackey (Tom Cruise) e Earl Partridge (Jason Robards)
- Embriagados de Amor - Barry Egan (Adam Sandler) e Lena Leonard (Emily Watson)
- Sangue Negro – Daniel Plainview (Daniel Day-Lewis) e Paul/Eli Sunday (Paul Dano)
- O Mestre - Freddie Quell (Joaquim Phoenix) e Lancaster Dodd (Philip Seymour Hoffman)
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