domingo, maio 17, 2015

Noite Sem Fim (Jaume Collet-Serra, 2015)


Noite Sem Fim vem sendo comparado à alguns Scorseses (imagino Os Infiltrados como a matriz que estabelece o parâmetro), mas me pareceu mais próximo de um James Gray menos inspirado - a questão da família é crucial para determinar essa aproximação, bem como a ambientação Nova Iorquina. É um thriller elaborado para entreter, a terceira e mais bem sucedida parceria entre o ator Liam Nesson e o diretor Jaume Collet-Serra, que força um pouco a barra nas soluções do roteiro mas compensa com sobra nas atuações do elenco principal. O duelo verbal de Ed Harris e Liam Neeson em um restaurante já nasceu antológico (também comparado à cena em que Robert de Niro e Al Pacino contracenam em Fogo Contra Fogo). O filme é praticamente um western urbano contemporâneo, repleto dos mesmos dilemas morais que atormentavam os pistoleiros da época de ouro do gênero, sem os quais o mesmo não teria atingido um nível mais elevado de maturidade e reconhecimento. Outra referência que me veio à cabeça enquanto o assistia foram os dramas bostonianos de Dennis Lehane, bem convertidos para as telas pelas mãos de Clint Eastwood e Ben Affleck. Se a dupla Serra-Neeson continuar na mesma toada, a parceria ainda deve render bons frutos.

---------------------------------------------------

O Enigma de Andrômeda (1971), de Robert Wise, manteve o meu interesse em alta conta no primeiro segmento do filme, enquanto os cientistas procuravam pistas in loco pra tentar entender o que aconteceu com os habitantes da pequena cidade de Piedmont. Quando a equipe de especialistas se aloja no imenso laboratório subterrâneo, isolando os dois sobreviventes (um bebê e um senhor bêbado) a fim de pesquisar a razão das suas imunidades, meu interesse foi se esvaindo lentamente à medida que a suspensão do tempo se mostrou mais atrelada à exploração minuciosa do espaço (um design de produção datado, provavelmente influenciado pelo sucesso de 2001 - Uma Odisséia no Espaço) do que à construção do suspense (em determinado momento, devidamente contextualizado pela narrativa, a questão deixa de ser biológica para se tornar nuclear). Algumas cenas são realmente interessantes, especialmente aquelas em que os experimentos científicos são didaticamente revelados ao espectador. Apesar da ressalva a respeito da segunda parte, o filme é muito bom.

Nenhum comentário:

Postar um comentário