Ainda me falta assistir alguns filmes de
Francis Ford Coppola, sobretudo as primeiras produções, quando a sombra de
Roger Corman se fazia mais presente. Das produções oitentistas, Tucker sempre
me despertou a atenção, embora eu enfrentasse dificuldades em encontrá-lo em
boas condições para assistir. Tucker nunca foi um filme muito celebrado, de
fácil disponibilidade e, curiosamente, muito comentado. É certo que a sombra
dos Chefões e a saga prolongada de Apocalypse
Now foram capazes de ofuscar o brilho desta obra-prima elegante (fotografia
de Vittorio Storaro e production design de
Dean Tavoularis) e verdadeiramente energizante. Um tour de force impressionante de Jeff Bridges como alter ego de
Coppola, interpretando o sonhador independente Preston Tucker, num embate memorável
da criatividade, persistência e determinação contra as forças inabaláveis do status quo. O discurso final de Preston
Tucker no tribunal defendendo-se da acusação de uso irresponsável de dinheiro público
para construir um protótipo de carro do futuro é absolutamente antológico: uma
daquelas circunstâncias em que a defesa do sonho americano encontra terreno
fértil para expandir o seu verdadeiro legado. Martin Landau é outro dos trunfos
da produção, humanizando o papel do habitual homem-do-dinheiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário