domingo, julho 19, 2015

Batguano (Tavinho Teixeira, 2014)




Eu confesso que demorei um bocado para entrar na proposta do diretor Tavinho Teixeira, que materializa em formato digital (quase escrevi película!) um desejo subconsciente dos tiradores de sarro de Batman e Robin de vê-los caracterizados formalmente como um casal gay. Esse ponto de partida, no entanto, permite que ele faça uma reflexão bem humorada do universo das HQ´s com um todo, questionando o papel dos super-heróis, justamente nesse momento em que o cinemão de entretenimento sobrevive às custas desse filão (rentável) de mercado. A produção tem umas duas ou três cenas que são um verdadeiro achado, “dentro de um filme totalmente dedicado a confrontar e ressignificar os limites entre imagem (cinema, fotografia, espelhos e até mesmo a imagem religiosa, com o presépio final) e realidade, em uma estilização auto-evidente da cena cinematográfica que parece, de fato, muito mais próxima de um filme como Anjos da Noite (1987), de Wilson Barros, ou com O Fundo do Coração (1982), de Coppola”, conforme passagem do texto de Fábio Andrade para a Revista Cinética.

Além dessa tentativa de orquestrar esses elementos díspares em um produto relativamente coeso, Tavinho ainda se dá ao trabalho de ambientar seu longa em terras tupiniquins (com forte influência do tropicalismo), num futuro pouco promissor para a espécie humana, em que os dois personagens se bastam entre si, sobrevivendo da interação exclusiva com espectros fantasmas do passado – até o Minotauro aparece em cena.

Os três links a seguir ajudaram a me relacionar melhor com o filme, estabelecendo a ótica sob a qual ele deve ser considerado. Uma sessão no cinema teria sido mais apropriada para usufruir da experiência, uma vez que o programa doméstico teve de ser interrompido umas três vezes. Ainda assim, as imagens permanecem bastante vívidas no imaginário (e desconfio que tendam a se cristalizar).

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