Eu confesso que demorei um bocado
para entrar na proposta do diretor Tavinho Teixeira, que materializa em formato
digital (quase escrevi película!) um desejo subconsciente dos tiradores de
sarro de Batman e Robin de vê-los caracterizados formalmente como um casal gay.
Esse ponto de partida, no entanto, permite que ele faça uma reflexão bem
humorada do universo das HQ´s com um todo, questionando o papel dos super-heróis,
justamente nesse momento em que o cinemão de entretenimento sobrevive às custas
desse filão (rentável) de mercado. A produção tem umas duas ou três cenas que
são um verdadeiro achado, “dentro de um filme totalmente dedicado a confrontar
e ressignificar os limites entre imagem (cinema, fotografia, espelhos e até
mesmo a imagem religiosa, com o presépio final) e realidade, em uma estilização
auto-evidente da cena cinematográfica que parece, de fato, muito mais próxima
de um filme como Anjos da Noite (1987), de
Wilson Barros, ou com O Fundo do Coração
(1982), de Coppola”, conforme passagem do texto de Fábio Andrade para a
Revista Cinética.
Além dessa tentativa de
orquestrar esses elementos díspares em um produto relativamente coeso, Tavinho
ainda se dá ao trabalho de ambientar seu longa em terras tupiniquins (com forte
influência do tropicalismo), num futuro pouco promissor para a espécie humana,
em que os dois personagens se bastam entre si, sobrevivendo da interação exclusiva
com espectros fantasmas do passado – até o Minotauro aparece em cena.
Os três links a seguir ajudaram a
me relacionar melhor com o filme, estabelecendo a ótica sob a qual ele deve ser
considerado. Uma sessão no cinema teria sido mais apropriada para usufruir da
experiência, uma vez que o programa doméstico teve de ser interrompido umas
três vezes. Ainda assim, as imagens permanecem bastante vívidas no imaginário (e desconfio que tendam a se cristalizar).
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