domingo, abril 21, 2013

O Incrível Homem que Encolheu (Jack Arnold, 1957)









Por Chris Fujiwara

Exposto a uma nuvem misteriosa, provavelmente radioativa, enquanto estava em um cruzeiro, Scott Carey (Grant Williams) se surpreende encolhendo aos poucos. A simplicidade visual do diretor Jack Arnold combina perfeitamente com o caráter absurdo e ambíguo da premissa da história de Richard Matheson. A primeira metade de O Incrível Homem que Encolheu – representando a condição do herói como um problema alternadamente médico, doméstico e socioeconômico – não faria feio ao lado de Delírio de Loucura (1956), de Nicholas Ray, e de Palavras ao Vento (1956), de Douglas Sirk, com seu retrato irônico e aterrorizante da vida da classe média americana virada do avesso. Contudo, é na sua segunda metade – Scott, então menor do que o salto de um sapato, é abandonado em seu porão e precisa enfrentar várias ameaças naturais – que o filme realmente deslancha, tornando-se uma aventura de ficção científica emocionante e poética. O desfecho inspirador – “Para Deus, não existe zero” – é um raro exemplo de cinema popular lidando de forma explícita com a metafísica.

Grande parte da força do filme vem da sua agudeza psicológica e do uso vívido e preciso dos objetos – sua arquitetura de escadas, caixotes, caixas de fósforos e latas de tinta. Para Matheson e Arnold, Scott Carey é um típico homem da era atômica: sua aventura é uma lição sobre a hostilidade do espaço urbano e da propensão indestrutível da humanidade de tomar a si mesma como medida de todas as coisas.

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