Por Chris Fujiwara
Exposto a uma nuvem misteriosa, provavelmente radioativa, enquanto
estava em um cruzeiro, Scott Carey (Grant Williams) se surpreende encolhendo
aos poucos. A simplicidade visual do diretor Jack Arnold combina perfeitamente
com o caráter absurdo e ambíguo da premissa da história de Richard Matheson. A
primeira metade de O Incrível Homem que Encolheu – representando a condição do herói como um problema alternadamente
médico, doméstico e socioeconômico – não faria feio ao lado de Delírio de
Loucura (1956), de Nicholas Ray, e de Palavras
ao Vento (1956), de Douglas Sirk, com seu
retrato irônico e aterrorizante da vida da classe média americana virada do
avesso. Contudo, é na sua segunda metade – Scott, então menor do que o salto de
um sapato, é abandonado em seu porão e precisa enfrentar várias ameaças
naturais – que o filme realmente deslancha, tornando-se uma aventura de ficção
científica emocionante e poética. O desfecho inspirador – “Para Deus, não
existe zero” – é um raro exemplo de cinema popular lidando de forma explícita
com a metafísica.
Grande parte da força do filme vem da sua agudeza psicológica e do uso
vívido e preciso dos objetos – sua arquitetura de escadas, caixotes, caixas de
fósforos e latas de tinta. Para Matheson e Arnold, Scott Carey é um típico
homem da era atômica: sua aventura é uma lição sobre a hostilidade do espaço urbano
e da propensão indestrutível da humanidade de tomar a si mesma como medida de
todas as coisas.
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