Formidável esse Ceú Amarelo passando atualmente no
Telecine Cult. Mesmo nas produções que lhe fizeram a fama, como em Inimigo Público (1931) e Consciências Mortas (1943), William A.
Wellman nunca foi tão capaz de me chamar a atenção quanto nesse filme. Não me
recordo de ter visto um western que
fizesse menção direta à sequela psicológica legada aos jovens combatentes que
sobreviveram à Guerra da Secessão. Normalmente esse assunto tabu se insere
melhor em filmes declaradamente de guerra, que já esgotaram o mote em bons e
maus exemplares. De uma forma ou de outra, todos os longas de guerra trabalham
essa ideia de maneira mais ou menos enfática, ou explícita talvez. Neles, a
associação direta que se faz do ato é com a insânia e a barbárie. No faroeste,
o enfrentamento é justificável na maioria das vezes, quase que enobrecido,
prenunciando a chegada da civilização e da ordem. Luta-se por um bem maior,
fundamentando qualquer ímpeto de combate.
É curiosa a forma como Wellman e
seu roteirista Lamar Trotti se valem desse recurso, recorrendo a esse apelo
dramático, quando a história parece não ter mais para onde caminhar. Um
verdadeiro coelho tirado da cartola na hora certa. Um grupo de assaltantes de
bancos, liderados por “Stretch” (Gregory Peck), atravessa o deserto de areia para
refugiar-se numa cidade fantasma, foragidos da justiça. Em seu entorno, descobrem
uma casa habitada por um avô (James Barton) e sua neta (Anne Baxter). Não leva
muito tempo para que desconfiem que os dois “escondem”, sob a aparente
tranquilidade, uma mina de ouro. Está armado o circo: o embate entre os
infratores e a estabilidade familiar será inevitável, conforme dita as
convenções do gênero. Antes, o bando e os dois reclusos passarão a interagir entre
si despertando em cada um dos personagens desejos e sentimentos ocultos. A
tensão dramática desse afrontamento é conduzida com maestria, filtrada pelas
lentes sombrias de Joe MacDonald – a fotografia é um show à parte.
De brinde, a presença do enigmático
Richard Widmark em seu primeiro western.
belíssimo western.... wellmann era um grande diretor
ResponderExcluircumprimentos cinéfilos.
O Falcão Maltês
Vou olhar com mais carinho para Wellman...
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