“You know, it's an interesting think when you consider...the Earth people, who can think, are so frightened by those who cannot: the dead.”
“Do you still believe it impossible we exist? You didn't actually think you were the only inhabited planet in the universe? How can any race be so stupid?”
A graça do filme de Edward D. Wood, Jr. vem, involuntariamente, do tom de seriedade que afeta toda a produção; as falas reproduzidas acima, e outras que compõem o filme, são proferidas como se estivéssemos em um filme de Ingmar Bergman.
Pra quem, como eu, que só conheceu o cinema de Edward D. Wood, Jr. depois do filme de Tim Burton, Ed Wood (1994), é praticamente impossível não sentir compaixão pelo realizador. Mesmo diante da tosquice das produções do diretor, ao invés de rejeitá-las, quero me aproximar delas, compreendê-las. É como se perdoasse seus excessos e falta de talento. O encontro entre Ed Wood e Orson Welles, idealizado no filme de Burton, amplifica esse sentimento.
Não sei se Ed Wood foi em vida tão caloroso, dedicado e apaixonado como a figura retratada por Tim Burton, no entanto, essa imagem dele que ganhou força com o filme de Burton é a que permanece conosco. Talvez se não houvesse Ed Wood, o filme, Ed Wood, o cineasta, estaria esquecido.
Bela Lugosi em Plan 9 from outer space, de Ed Wood |
Ele tinha uma inabilidade tremenda para lidar com o material filmado. O tom empregado em seus filmes era raramente o mais apropriado. A cena em que Bela Lugosi, em Plan 9 from outer space, sai de casa lentamente e pega uma flor no jardim ao som do voice over
“The grief of his wife's death became greater and greater agony. The home they had so long shared together, became a tomb. A sweet memory of her joyous living. The sky to which she had once looked, was now only a covering for her dead body. The ever-beautiful flowers she had planted with her own hand, became nothing more than the lost roses of her cheeks. Confused by his great loss, the old man left that home, never to return again.”
Martin Landau (Bela Lugosi) e Johnny Depp (Ed Wood) em Ed Wood, de Tim Burton |
soa patética nas mãos do diretor, já em Ed Wood, resulta emotiva e delicada (pelo menos na minha memória!).
Deu até vontade de assistir Ed Wood!