Ainda não vi o documentário de Wim Wenders, Pina (2011), apresentado anteontem no 61°Festival de Berlim, sobre a obra da coreógrafa Pina Bausch. Pelos relatos de quem estava presente, amplamente divulgados na imprensa internacional, Wim Wenders acertou em cheio ao empregar o 3D para registrar a arte de Pina.
A Folha de S. Paulo publicou uma matéria especial ontem a respeito do assunto. Segue abaixo:
Wim Wenders reinventa 3D com Pina
Por Ana Paula Sousa
E do 3D fez-se arte. A estréia mundial de “Pina”, ontem, no festival de Berlim, comprovou o que se esperava: do encontro entre a nova tecnologia e Wim Wenders nasceu algo diferente de tudo o que foi visto até aqui.
O filme começa com um dos ensinamentos da revolucionária coreógrafa Pina Bausch (1940-2009): para tudo aquilo que as palavras não conseguem expressar, existe a dança.
Foi essa a mensagem que Wenders seguiu. E se pôde segui-la tão de perto, é porque a tecnologia o socorreu.
Desde quando viu uma apresentação da companhia de Pina, a Tanztheater Wupertal, Wenders passou a carregar uma certeza: aquilo pertencia à tela grande.
Apesar disso, levou anos para pôr em prática o projeto. A razão era simples: como filmar? “Onde colocar a câmera?”, pergunta o diretor. “Se você fecha a câmera no solo de um dançarino, você perde todo o resto que está acontecendo no palco.”
A resposta veio em 2006, quando, em Cannes, Wenders viu um show do U2 filmado em 3D. Ele ligou para Pina e disse que, enfim, cumpriria sua promessa.
Graças ao 3D, sentimos, por exemplo, a cortina do teatro roçar nossos olhos.
“Pina” borra as fronteiras do gênero documental. O filme é documento – dos ensaios, do pensamento da coreógrafa – mas também encenação.
Apesar de ter sido exibido na competição, “Pina” não concorre a prêmios. Foi, no entanto, o filme mais marcante até agora.
Luiz Carlos Merten, crítico do Estadão, escreveu em seu blog, na postagem entitulada “Transe” de 13/02/11, o seguinte: “...Wenders vale-se do formato (3D) para nos projetar dentro da criação de Pina Bausch. Estou sem fala. Se o festival terminasse agora, e ‘Pina’ estivesse em competição, já teria levado o Urso de Ouro, pelo menos para mim. Momento brasileiro – ela cria uma coreografia para ‘Leãozinho’, cantado por Caetano. Puta filme bonito, meu. Nunca vi nada parecido em termos de dança. Inclusive, vou ter de confessar. O impacto foi tão grande que, momentaneamente, diminuiu meu entusiasmo pelo ‘Cisne Negro’ de Darren Aronofsky.”
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