quarta-feira, março 26, 2014

Liliom (Frank Borzage, 1930)












Meu primeiro Borzage. Leva um tempo para nos acostumarmos ao ritmo pausado das interpretações, característica típica das produções concluídas na transição do período silencioso para o sonoro - que é o caso aqui. Talvez a estranheza seja acentuada neste exemplar, reforçada pela apatia da protagonista Julie (Rose Hobart), que não desperta a empatia exigida pelo papel.

# Spoiler #

Mas vale a longa espera até o suicídio de Liliom (Charles Farrell), que conta com uma das mais lindas cenas de passagem do mundo de cá para o mundo de lá. O ludismo alcançado com um recurso que à época me pareceu ousado e muito criativo, com o trem do além irrompendo no quarto de Liliom para conduzi-lo ao "momento de prestação de contas", altera o rumo da produção, reacendendo nosso interesse pelo destino (trágico) do personagem. As cenas no "céu" são antológicas – vale ressaltar o impacto causado pelo desenho de produção e o figurino dos "agentes do além" -, bem como o diálogo travado entre Liliom e o Chief Magistrate (H.B.Warner), uma espécie de “juiz dos céus”. De maneira muito espirituosa, Borzage evita qualquer tentativa de se martirizar a figura de Liliom. Não há espaço para ideologismos.
Chief Magistrate: That is your train Liliom. The Red Special. No political significance.

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