Meu primeiro Borzage. Leva um tempo para nos
acostumarmos ao ritmo pausado das interpretações, característica típica das
produções concluídas na transição do período silencioso para o sonoro - que é o
caso aqui. Talvez a estranheza seja acentuada neste exemplar, reforçada pela
apatia da protagonista Julie (Rose Hobart), que não desperta a empatia exigida
pelo papel.
# Spoiler #
Mas vale a longa espera até o suicídio de Liliom
(Charles Farrell), que conta com uma das mais lindas cenas de passagem do mundo
de cá para o mundo de lá. O ludismo alcançado com um recurso que à época me
pareceu ousado e muito criativo, com o trem do além irrompendo no quarto de
Liliom para conduzi-lo ao "momento de prestação de contas", altera o
rumo da produção, reacendendo nosso interesse pelo destino (trágico) do
personagem. As cenas no "céu" são antológicas – vale ressaltar o
impacto causado pelo desenho de produção e o figurino dos "agentes do
além" -, bem como o diálogo travado entre Liliom e o Chief Magistrate
(H.B.Warner), uma espécie de “juiz dos céus”. De maneira muito espirituosa,
Borzage evita qualquer tentativa de se martirizar a figura de Liliom. Não há
espaço para ideologismos.
Chief Magistrate: That is your train Liliom. The Red Special. No political significance.
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