Como Charles Serking em Crônicas de Um Amor Louco (1981) |
Como Cosmo Vittelli em A Morte do Bookmaker Chinês (1974) |
Charles Serking: Style is the answer to everything.. a fresh way to approach a dull or dangerous
thing. To do a dull thing with style is preferable to doing a dangerous thing
without style. To do a dangerous thing with style is what I call art.
Bullfighting can be an art. Boxing can be an art. Loving can be an art. Opening
a can of sardines can be an art. Not
many have style. Not many can keep style. I have seen dogs with more style than
men - though not many dogs have style. Cats have it in abundance.
Foi só recentemente
que eu entrei em contato com a filmografia do diretor italiano Marco Ferreri, e
embora eu tenha sido alertado pelas inúmeras publicações que traçam o perfil do
seu estilo, nada nos prepara para o impacto de suas realizações. Tamanho foi o
meu descuido que acabei assistindo ao Os
Descendentes (2011), do Alexander Payne, no mesmo dia de A Comilança (1973). Não é o tipo de
experiência que eu recomende, já que, involuntariamente, desfavorece
imensamente o postulante a premiação do Oscar no próximo domingo – não que eu o
tenha achado uma mil maravilha, é que um Ferreri aguça sobremaneira nosso
espírito crítico.
Assim que a notícia do falecimento de
Ben Gazzara foi anunciada pela imprensa, ficou mais fácil decidir-me pela
próxima sessão de Marco Ferreri: Crônica
de um Amor Louco (1981).
Eu não conheço todos os filmes
estrelados por Ben Gazzara, mas apostaria minhas fichas no tamanho do talento
desse ator maldito em duas produções que trazem seu nome: Crônicas de um Amor Louco e A
Morte do Bookmaker Chinês (1976), de John Cassavetes. Digo maldito porque
os tipos que ele representou na maioria dos filmes em que atuou compartilhavam
características semelhantes pouco louváveis: vilania, corrupção e mau-caratismo.
Além disso, seus personagens estavam quase sempre relegados ao segundo plano -
muito embora a aura dos filmes (se tornaram cults)
esteja ancorada na excelência das suas interpretações.
Nos dois exemplares citados acima Gazzara
goza de uma condição diferenciada: ele é o protagonista. E ainda que as
atitudes e comportamentos desses personagens sejam questionáveis – como Charles
Serking em Crônicas, um poeta
obsceno, alcoólatra, de relacionamentos baratos e casuais; como Cosmo Vittelli em
Bookmaker Chinês, um proprietário de
clube de strip que contrai uma dívida
junto à máfia e é obrigado a apagar o chinês do título para quitar o débito –, elas
configuram mais uma fraqueza do que um desvio de caráter. Ferreri, Cassavetes e
Gazzara criaram dois personagens complexos, cheios de nuances, dois anti-heróis
– tentei evitar o termo loser (a
expressão americana por excelência dos derrotados) -, carismáticos, românticos
e exuberantes. São praticamente dois mortos-vivos vagando pelas ruas da cidade
grande.
O discurso que abre esse post é proferido por Charles Serking
(Ben Gazzara) no início de Crônicas de Um
Amor Louco. Como se trata de uma ficção livremente baseada na vida do
poeta, contista e romancista Charles Bukowski acredito que seja um trecho de um
de seus escritos. Poucos foram/são os atores capazes de honrar o conteúdo desse
texto. Ben Gazzara, por meio de Cosmo Vittelli e Charles Serking, foi um deles.
To do a dangerous thing with style is what I call art.
Olá Rodrigo,
ResponderExcluirSou leitor do Canto do Cinéfilo e sou cinéfilo de carteirinha. Eu estou mandando esse email porque estou trabalhando numa empresa que desenvolveu um portal sobre cinema - o Cinema Total (www.cinematotal.com). Um dos atrativos do site é que você cria uma página dentro do site, podendo escrever textos de blog e críticas de filmes. Então, gostaria de sugerir que você também passasse a publicar seus textos no Cinema Total - assim você também atinge o público que acessa o Cinema Total e não conhece o Canto do Cinéfilo.
Se você gostar do site, também peço que coloque um link para ele no Canto do Cinéfilo, na seção "SITES RELACIONADOS".
Se você quiser, me mande um email quando criar sua conta que eu verifico se está tudo ok.
Um abraço,
Marcos
www.cinematotal.com
marcos@cinematotal.com
O Gazzara tinha personalidade, uma grande força em cena. Além disso, era o anti-star. Está incrível em ANATOMIA DE UM CRIME (de Preminger), assim como em vários filmes de Cassavetes.
ResponderExcluirO Falcão Maltês
Acho que ANATOMIA DE UM CRIME é o melhor filme de tribunal que eu já vi.
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