O texto de J.Edgar (Clint Eastwood, 2011) a princípio faria parte deste post, mas eu me empolguei tanto enquanto
o escrevia que ele acabou encabeçando o título da postagem anterior. A ideia
aqui é fazer relatos curtos – aproveitando mais observações de outros blogs do
que propriamente minhas - de três filmes vistos ultimamente: Os Homens que Não Amavam as Mulheres (David
Fincher, 2011), A Separação (Asghar Farhadi, 2011) e As Praias de Agnès (Agnès Varda, 2008).
- O Filipe Furtado foi breve e
bem incisivo no seu comentário a respeito de Os Homens que Não Amavam as Mulheres: “Fincher em modo decorador de
cenas. Tão competente quanto esquecível. Fincher faz montagens de pesquisa
melhor do que qualquer outro cineasta, mas nunca consegue animar as coisas para
mais do que um marco tempo que sirva para manter a grife Fincher viva entre
projetos maiores. Pior é perceber que ele parece tão preocupado com sua nova
posição de cineasta de prestígio para abraçar a verve pulp do material. É competente demais para ser ruim e envergonhado
demais para ser interessante.” Assim como o Filipe eu também gosto do Fincher e
esperava mais do resultado. Não que o filme seja ruim, longe disso, é que o
talento do diretor, bem apropriado para o material, já viu dias mais inspirados.
Parece-me que quanto mais famoso ele se torna, menos riscos ele se propõe a correr.
- quando a Ilustrada da Folha de S.Paulo
propôs a alguns críticos e cineastas que discorressem a respeito de cinco dos
melhores filmes que cada qual já havia visto, o Cassio Starling Carlos escreveu
o seguinte de Amores Expressos (Wong
Kar-Wai, 1994): “Quando as portas do Oriente se abriram aos olhos do
Ocidente, do liquidificador do chinês Wong Kar-Wai saiu essa mistura de Godard
anos 60 + Resnais anos 50 + Antonioni de todos os tempos, em que o sentimento
contemporâneo de desamor, a desconexão e a obsessão da tentativa encontram uma
forma de representação no romantismo desencantado. Depois, seu diretor faria
filmes até mais fortes, mas este guardou todo o impacto da surpresa.” Embora A Separação seja muito bom, eu atribuo
ao igualmente excelente Procurando Elly
(2009) todo o meu entusiasmo da descoberta. Já estava tudo lá: a situação
banal que caminha rumo ao caos generalizado, os mal entendidos, os costumes, a
religião, a condição da mulher iraniana e o elenco impecável. Independente da
ordem adotada para se chegar aos filmes de Farhadi, uma coisa é certa: eles são
imprescindíveis.
- o longa de Varda já se
encaminhava para completar 4 anos de seu lançamento sem que os nossos
distribuidores manifestassem qualquer interesse em exibi-lo. Mesmo dispondo de
um DVD de As Praias de Agnès (The Agnès Varda Collection Volume 2) e
da programação do Telecine Cult - o filme integrou o pacote em janeiro deste
ano, embora no formato 1.33:1 -, a espera foi recompensada pela estreia da
cópia em 35 mm no CINESESC. O que mais me chama a atenção na proposta do filme
é o seu completo desapego às ideologias que perpassam todo o período retratado
(ou melhor, vivido) pela diretora – trata-se quase de uma aula de história do
século XX (a II Guerra Mundial, a Europa do pós-guerra, a Nouvelle Vague, a luta pelos direitos civis nos EUA) sem o ranço do
intelectualismo. Estamos diante de uma artista nata, autêntica, que enxergou no
cinema o meio mais apropriado para expressar suas emoções. E são muitas,
repletas de leveza, sinceridade, modéstia, humildade e uma dose cavalar de
graça. É a porta de entrada perfeita para os filmes da diretora e do seu amado
Jacques Demy.
O filme de Fincher é apenas bem feitinho. A SEPARAÇÃO ainda não o vi. O de Varda é muito, muito bom.
ResponderExcluirO Falcão Maltês
Tenho certeza de que irá gostar Antonio.
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