quarta-feira, agosto 31, 2011

A perspicácia de Lumet



Folheando a coleção de críticas de Antonio Moniz Vianna, organizada por Ruy Castro no livro intitulado Um filme por dia – Crítica de choque (1946-73), encontrei uma pérola de comentário de Sidney Lumet no magnífico texto do jornalista a respeito de The Pawnbroker (O homem do prego, 1965).

... Um grande filme também na técnica narrativa, The Pawnbroker desperta a atenção crítica pela utilização do chamado two frames cut. Desrespeitando a ideia de que o olho humano não podia reter uma imagem com menos de três fotogramas, Sidney Lumet usou dois e até um fotograma, dando a esses flashes de memória uma claridade adequada e imprescindível. E, vitorioso, observou: “Sempre me divertem os críticos de vanguarda que costumam sentar-se e afirmar: Bem, esse two frames cut provém de L’année dernière à Marienbad (O ano passado em Marienbad) e esse outro de... É uma tolice. Só existe uma premissa geral: quase todas as coisas que qualquer um de nós realizou pode ser encontrada num filme de John Ford”.

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