segunda-feira, novembro 10, 2014

38ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo - Parte 2


Infância (2014), Domingos de Oliveira (BRASIL)

O filme que Arnaldo Jabor tentou fazer com A Suprema Felicidade (2010), mas não conseguiu. O menino (alter ego do diretor) é menos protagonista é mais testemunha da história. Incrível como Domingos de Oliveira consegue recriar a atmosfera do Rio de Janeiro dos anos 1950 trabalhando apenas dentro do espaço confinado de uma mansão carioca - num excelente trabalho de reconstituição de época. A qualidade do texto é excepcional, além da laureada interpretação de Fernanda Montenegro, como viúva matriarca da família, num papel feito sob encomenda. Ela está irresistível.


Ela Volta na Quinta (2014), André Novais Oliveira (BRASIL)

Mais um representante da safra mineira de filmes que procura registrar um espaço e seus habitantes, numa tentativa de “documentar a vida”. Pra quem desconhecia qualquer informação prévia a respeito do projeto, a chegada dos créditos se incube logo em esclarecer que os principais personagens da história são membros de uma verdadeira família constituída - na verdade, trata-se da família do realizador. Confesso que essa informação melhorou a minha impressão/estima sobre ele, mas não foi capaz de perdurar o seu impacto sobre mim. Apesar do senão da frase anterior, o filme contém algumas boas cenas.


A História da Eternidade (2014), Camilo Cavalcante (BRASIL)

Confesso que eu estava ansioso para conferir o filme que vem colhendo boas impressões por onde passa. Ainda que eu não o tenha desgostado por completo, incomodou-me o calculismo das cenas envolvendo o personagem de Irandhir Santos (Joo), cuja influência é crucial para os desdobramentos da trama. Deixei a sala com um gosto forte de decepção. Mesmo compreendendo o uso alegórico da narrativa, justificado pelo seu forte caráter transcendental, penso que o filme se perde em sua suposta grandeza, sem alcançar o impacto que seu título sugere.


O Pequeno Fugitivo (1953), Ray Ashley, Morris Engel e Ruth Orkin (EUA)

Embora este filme não figurasse na programação oficial da Mostra - ele estava em cartaz no Espaço Itaú da Augusta -, não seria nenhum disparate se estivesse, tamanha a sua afinidade com a proposta do evento. Uma oportunidade rara de assistir no cinema um dos filmes que influenciaram o espírito libertário e espontâneo dos integrantes da Nouvelle Vague, o qual eu desconhecia completamente. Nas palavras do próprio Truffaut, "A Nouvelle Vague nunca teria existido se não fosse pelo jovem americano Morris Engel, que nos mostrou o caminho com seu O Pequeno Fugitivo".

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