A Cidade é uma Só (Adirley Queirós, 2011) - eu o vi logo depois de conferir Branco
Sai, Preto Fica (2014) na Mostra do ano passado. Foi o melhor filme brasileiro
da nova safra que eu assisti no ano. Embora a produção seja de 2011, eu me
senti na obrigação de relacioná-la aqui. Mais uma vez, fui salvo pela
programação do Canal Brasil. Um híbrido ficção-documentário de cunho altamente
político que ganha vida por meio da utilização criativa da música - esse
recurso também é empregado no filme seguinte do diretor de forma um pouco menos
fluente.
O Menino e o Mundo (Alê Abreu, 2013) - ninguém começa assistindo a essa
produção ciente de onde ela será capaz de nos conduzir. Seus traços singelos
enganam, a ponto de subestimarmos seu potencial. Ao fim, todos se sentirão
recompensados com uma bela surpresa. O Brasil entra no mapa da animação mundial.
Quando eu era Vivo (Marco Dutra, 2014) - o coletivo paulista Filmes do Caixote
mais uma vez dando uma bola dentro num universo pouco explorado pelo cinema
nacional: o filme de terror. Espremido entre os lançamentos oscarizáveis do
início do ano, o filme aportou em Ribeirão meio por acaso. Suas imagens
permanecem vívidas comigo até hoje. Um casting
relativamente inusitado, que acaba rendendo um conjunto bem afiado.
O Lobo Atrás da Porta (Fernando Coimbra, 2013) - já se vão quase 15 meses desde que o
vi na Mostra de São Paulo de 2013. O que permanece é menos a polêmica da
situação retratada e mais o exercício de direção de Coimbra, bem como a excelência da
interpretação de todo o elenco. Uma bela tentativa do cinema tupiniquim de se
produzir um thriller de qualidade.
Avanti Popolo (Michael Wahrmann, 2013) - esse talvez seja o patinho feio da
seleção. A herança do governo militar condensada na rotina de uma família
profundamente afetada por ela. Os registros caseiros em Super-8 servem tanto
para resgatar o tempo perdido (pessoal ou coletivo), como para refletir o papel
do cinema na construção da memória. Partindo de uma família fissurada se chega
a toda uma nação. A abordagem evita o lugar comum da dramaturgia, frequentemente
preocupada em simplificar o conflito num duelo entre "mocinhos e
bandidos".
Eles Voltam (Marcelo Lordello, 2012) - o cinema pernambucano batendo
cartão novamente. Desta vez, a violência cede espaço para a busca pela
conciliação. A tomada de consciência da protagonista (bem como do público), num
"árido movie" que escancara as diferenças sociais que separam o
universo dela do restante do sertão nordestino. Um rito de passagem prosaico,
ainda que muito bem erigido.
Mataram Meu Irmão (Cristiano Burlan, 2013) – vale estar por aqui só pela entrevista
na praia, aproximadamente na metade do longa, com um dos amigos do falecido. É
difícil encontrar esse grau de exposição e discernimento em um documentário. O
diretor faz das suas dores as nossas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário