Pra variar, eu não estava botando muita fé nesse entusiasmo
todo com que De Volta ao Jogo vinha colhendo elogios de boa parte da crítica,
chegando a constar em algumas listas de melhores de 2014. Cheguei a abrir mão
de vê-lo no cinema, certo de que seria mais um filme de ação genérico.
Honestamente, desconfiei que um filme protagonizado por Keanu Reeves pudesse
realmente gozar desse status (o preconceito dando as caras novamente). No final
das contas me dei mal. É um p... filme.
O roteiro se restringe ao básico, estabelecendo logo nos dez
primeiros minutos as premissas as quais permanecerá fiel até o fim. É o velho
tema da vingança levado com muito vigor e muita inventividade. Trata-se
basicamente de um matador profissional aposentado (mais por opção do que por
tempo de serviço), o tal John Wick do título original (Keanu Reeves), que
perdeu a mulher numa batalha contra uma doença, mas se vê novamente exercendo o
ofício do qual se afastara quando recebe a visita indesejada do filho do seu
antigo contratante que o subtrai dos seus itens mais estimados.
Em nenhum momento o roteiro perde o foco da empreitada,
fazendo da caçada um subtexto perfeito para empilhar uma cena de ação melhor do
que a outra. Joga a favor dos envolvidos com a produção e a direção o fato de
serem antigos dublês que conhecem bem a dinâmica desse gênero. O hotel que
serve de abrigo aos matadores quando estes estão a serviço é um achado. Nele
orbita uma galeria de personagens dos mais criativos, responsáveis por manter
ativa a engrenagem desse comércio de vidas, a ponto de contar com um médico de
plantão para atender àqueles que prescindiram da sorte no exercício de suas missões.
Os códigos que regem o convívio desses tipos, e que condizem
com as premissas estabelecidas no início, são reforçados no segmento do hotel.
O filme respira o tempo todo dentro dessa bolha que ele mesmo criou, mas em
nenhum momento sofre de asfixia ou se esgota. O tiroteio noturno na boate é uma
das melhores cenas de ação dos últimos tempos, comparável ao de Colateral
(2004), de Michael Mann.
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