sábado, dezembro 26, 2015

De Volta ao Jogo (Chad Stahelski e David Leicht, 2014)


Pra variar, eu não estava botando muita fé nesse entusiasmo todo com que De Volta ao Jogo vinha colhendo elogios de boa parte da crítica, chegando a constar em algumas listas de melhores de 2014. Cheguei a abrir mão de vê-lo no cinema, certo de que seria mais um filme de ação genérico. Honestamente, desconfiei que um filme protagonizado por Keanu Reeves pudesse realmente gozar desse status (o preconceito dando as caras novamente). No final das contas me dei mal. É um p... filme.

O roteiro se restringe ao básico, estabelecendo logo nos dez primeiros minutos as premissas as quais permanecerá fiel até o fim. É o velho tema da vingança levado com muito vigor e muita inventividade. Trata-se basicamente de um matador profissional aposentado (mais por opção do que por tempo de serviço), o tal John Wick do título original (Keanu Reeves), que perdeu a mulher numa batalha contra uma doença, mas se vê novamente exercendo o ofício do qual se afastara quando recebe a visita indesejada do filho do seu antigo contratante que o subtrai dos seus itens mais estimados.

Em nenhum momento o roteiro perde o foco da empreitada, fazendo da caçada um subtexto perfeito para empilhar uma cena de ação melhor do que a outra. Joga a favor dos envolvidos com a produção e a direção o fato de serem antigos dublês que conhecem bem a dinâmica desse gênero. O hotel que serve de abrigo aos matadores quando estes estão a serviço é um achado. Nele orbita uma galeria de personagens dos mais criativos, responsáveis por manter ativa a engrenagem desse comércio de vidas, a ponto de contar com um médico de plantão para atender àqueles que prescindiram da sorte no exercício de suas missões.

Os códigos que regem o convívio desses tipos, e que condizem com as premissas estabelecidas no início, são reforçados no segmento do hotel. O filme respira o tempo todo dentro dessa bolha que ele mesmo criou, mas em nenhum momento sofre de asfixia ou se esgota. O tiroteio noturno na boate é uma das melhores cenas de ação dos últimos tempos, comparável ao de Colateral (2004), de Michael Mann.

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