Melville (1917-1973) was born Grumberg. He changed his name in admiration for the author of Moby Dick. He was a lover of all things American. He went endlessly to American movies, he visited America, he shot a film in New York ("Two Men in Manhattan"), and Cauchy remembers, "He drove an American car and wore an American hat and Ray-Bans, and he always had the Armed Forces Network on his car radio, listening to Glenn Miller." He inhaled American gangster films, but when he made his own, they were not copies of Hollywood but were infused by understatement, a sense of cool; his characters need few words because so much goes without saying, especially when it comes to what must be done, and how it must be done, and why it must be done that way.
Roger Ebert
Dois
homens em Manhatttan é o terceiro Melville que vejo. Bob le flambeur (1956), que antecede Dois Homens, apresentou Melville para o
mundo e estabeleceu o estilo cool do diretor. Ainda não vi Bob le flambeur, bem
como O Segredo das Jóias (John Huston,
1950) e Rififi (Jules Dassin, 1955).
Os três estabeleceram o padrão sobre os quais os filmes de assalto viriam a ser
comparados.
É nítido em Dois Homens o quanto Melville, que reservou para si um dos
principais papéis no filme, estava regozijando com a condição de filmar nos
EUA. O diretor-ator não consegue conter o sorriso em cena ao abraçar a
possibilidade de filmar no país que estabeleceu o seu imaginário
cinematográfico. O trecho de abertura da postagem, da célebre série Great Movies de Roger Ebert para Bob le flambeur, descreve a paixão que
Melville reservava pelas produções B norte americanas.
O papel do diretor é o de um jornalista
que recebe do seu chefe, na abertura do filme, a missão de investigar a razão
do sumiço do representante francês da reunião na ONU. Para isso, ele conta com
a ajuda de um fotógrafo boêmio conhecedor dos diversos casos amorosos que o embaixador
cultivava no cenário artístico Nova-Iorquino, cujos encontros são entremeados
por tomadas noturnas da cidade repletas de luzes em neon.
Num ritmo lento e bem low profile o diretor vai costurando os
tipos que habitam esse universo, com uma evidente afinidade por eles, fazendo
avançar a metragem até o encontro que justifica a proposta do filme. O diálogo
travado nessa ocasião demonstra a grandeza do cinema de Melville, cujos
personagens debatem sobre a moral de conduta, pautados pelo legado da segunda grande
guerra. Sem que o resultado aponte para um lado vitorioso, é o espectador quem
ganha com a circunstância. Tendo o próprio Melville participado da Resistência
Francesa, ele investe na preservação da imagem daqueles que lutaram por esta
causa, sacrificando a verdade para sustentar a versão oficial. A manobra
reforça a “grandeza” do ato heróico, colocando em xeque os meios para a sua
obtenção.
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