sábado, julho 17, 2010

Bastardos Inglórios (Quentin Tarantino, 2009)


Enquanto os holofotes e a publicidade do filme Bastardos Inglórios (2009), de Quentin Tarantino, valorizam a presença de Brad Pitt no elenco, deixamos a sala do cinema nos perguntando: quem é o sujeito que interpreta o oficial alemão apelidado de “Caçador de Judeus”? É o austríaco Christoph Waltz. O cara literalmente rouba a cena. Não foi à toa que recebeu, este ano, a Palma de Ouro de Melhor Ator no Festival de Cannes por sua atuação.

É impressionante o vigor com que Tarantino dirige todas as cenas do filme. São tão bem acabadas, decupadas, escritas, são tão únicas, que dariam todas, uma coleção de curtas metragens. Por mais que exista um eixo narrativo que agrupe todas as cenas, elas parecem existir independentes umas das outras. Tome a primeira cena como exemplo, uma verdadeira obra-prima.

Em um mercado desabituado a filmes falados em outra língua que não o inglês (vide o exemplo do que foi feito com os recentes Operação Valquíria (2008), de Bryan Singer, O leitor (2008), de Stephen Daldry e Um homem bom (2008), de Vicente Amorim), é louvável a coragem do diretor de escrever em alemão, francês e italiano e ainda assim fazer piadas do uso das mesmas. O próprio Christoph Waltz fala as quatro línguas. O diretor tem uma queda confessa pelo idioma francês, já que os franceses sempre o respeitaram e o reconhecem como um verdadeiro auteur. Não se trata de mera coincidência o fato da dona da sala de cinema no filme ser uma francesa.

Tarantino mais uma vez faz a alegria dos cinéfilos com seu mix de filme de guerra, western spaghetti, filmes de ação e comédia tresloucada e compartilha com o público seu gosto de fazer cinema recheando o filme de referências. Hitler como esse, apenas nos filmes de Ernst Lubitsch e Charles Chaplin. Mas não pense que o filme é uma comédia, só está repleto de humor, e dos bons.

OBS: Publicado em setembro de 2009 no site http://www.programapapodebuteco.com.br/

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