Dos integrantes do núcleo duro da
Nouvelle Vague, até o presente
momento ainda não tive a oportunidade de conferir um filme de Jacques Rivette.
A metragem longa de A Bela Intrigante
(1991), único dos seus longas de que disponho, demanda uma ocasião especial
para me envolver devidamente com os seus 238 minutos. Eis que esse dia ainda há
de chegar.
À parte Rivette, Claude Chabrol é
o cineasta da trupe que menos interesse me despertou. É muito provável que as
minhas escolhas tenham interferido diretamente nesse julgamento, pautado,
naturalmente, pelos filmes da sua extensa filmografia que assisti. Lembro-me de
ter ficado impressionado com Nas Garras
do Vício (1958), numa mostra dedicada ao diretor no Eurochannel, quando o
canal exibia uma programação mais relevante, ainda na década de 1990.
Desse primeiro contato com a sua
obra, pulei diretamente para a fase em que Isabelle Huppert e o diretor
iniciavam a sua parceria. Por mais frustrante que seja admitir isso, foram
poucos os filmes dessa longeva colaboração que de fato me chamaram a atenção. A
prevalência da temática burguesa, associada à frieza da sua intérprete,
estabeleceu no meu imaginário o que seria o "toque" Chabrol. O miolo
da sua obra, reconhecido pela forte influência hitchcockiana, passou-me
praticamente em branco.
Posto isso, confesso que eu não
estava preparado para Uma Garota Dividida
em Dois (2007). Faz mais de dois anos que tenho o filme gravado, mas só
agora vim a vê-lo. A vaidade exacerbada é o pivô das intrigas envolvendo os
três personagens, que no fundo não passa de uma disputa ferrenha por poder
e dominação. O dinheiro caminha lado a lado desse horizonte retratado, forçando
a barra para o lado em que a corda é mais fraca. Chabrol não passa a mão na
cabeça de ninguém, fazendo cada um deles pagar o preço por suas escolhas expressivamente libidinosas. Sexo e poder combinados e em discordância são um atalho para o exercício
do crime, cuja marca fica impressa nesse universo infame regado à hipocrisia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário